
Segunda edição dos melhores discos de jazz de 2025
Chegou então a habitual época dos balanços de melhores do ano e neste caso estaremos a tratar da segunda edição dos melhores discos de jazz de 2025 - onde escreverei sobre discos saídos no segundo semestre deste ano mas também de alguns saídos ainda no primeiro semestre mas que, por uma razão ou por outra, não fizeram parte da lista de Julho. Desfrutem!
Sean Mason” A Breath of Freash Air”

O pianista Sean Mason já se tinha estreado em grande forma com Southern Suite (2023), e volta a mostrar-se em excelente nível neste novo disco. Exactamente com o mesmo quinteto do disco anterior, Sean Mason consegue o dificílimo balanço entre um jazz bastante acessível, até cantabile, mas nada comercial ou desinteressante. Com melodias que ficam no ouvido e solos intensos e energéticos, está também muito bem gravado (Todd Whitelock) e masterizado (Mark Wilder).
Aaron Parks - “By All Means”

Um novo disco deste pianista americano (actualmente residente em Portugal) é quase sempre uma escuta obrigatória e este novo lançamento não foge a essa regra. Com o selo da histórica Blue Note, Aaron Parks apresenta aqui aquele que tem sido o seu trio dos últimos anos, com Ben Street no contrabaixo e a lenda viva Billy Hart na bateria, aos quais decidiu acrescentar o saxofone tenor de Ben Solomon (claramente inspirado por Mark Turner), o que muda bastante o som habitual deste grupo. Aaron Parks é um dos melhores compositores de jazz vivos, e os temas são todos de alta qualidade, embora bastante modernos - a uma certa altura lembraram-me bastante os discos dos anos 90 Abolish Bad Architecture e Dirty Show Tunes do contrabaixista Reid Anderson, pela Fresh Sound New Talent, também eles em quarteto (trio de piano mais saxofone). Mais uma excelente adição a uma discografia repleta de grandes discos!
Anthony D’Alessandro - “City Lights”

Tal como no primeiro disco desta lista, Anthony D’Alessandro consegue em “City Lights” apresentar-nos um jazz acessível e melódico mas de grande qualidade, com excelentes composições e improvisações. Se os músicos aqui presentes são uma amostra fiel da nova geração do jazz de Ontário, os canadianos irão ser servidos com jazz de excelente qualidade nas próximas décadas!
Gregory Grover Jr - “Old Knew”

Tal como no primeiro disco desta lista, temos aqui um segundo disco depois de um primeiro disco muito promissor (Lovabye, 2024) - ambos lançados na Criss Cross, uma das editoras de jazz mais importantes das últimas décadas e que Jerry Teekens se tem esforçado por manter viva. Na formação, para além do tenor do líder, mantém-se Joel Ross no vibrafone (nome a estar muito atento) em relação ao disco anterior, mas a secção rítmica é toda nova, com Paul Cornish (piano), Harish Raghavan (baixo) e Kendrick Scott (bateria) - uma equipa de luxo que toca um jazz bastante moderno e nova-iorquino, com excelentes improvisações ao longo de todo o disco, com particular destaque para o referido Joel Ross no vibrafone. Para quem não esteja familiar com a estética de jazz mais moderna - esta desenvolveu-se acima de tudo em Nova Iorque a partir dos anos 90 por um conjunto de músicos que quis voltar a olhar para os anos 50 e 60 do jazz como inspiração mas sem reverência, contrariando assim simultaneamente a fusão dos anos 70 e 80 e o movimento Young Lions, que se prestava a uma muito maior reverência do jazz antigo - e tem neste disco um excelente exemplo de introdução a essa mesma estética.
John Patitucci - “Spirit Fall”

A esmagadora maioria dos ouvintes regulares de jazz conhecerá o nome de John Patitucci, um dos contrabaixistas mais importantes das últimas décadas - que tocou com tudo e todos, tendo feito inclusive parte do último quarteto de Wayne Shorter durante muitos anos, acompanhado por Danilo Pérez no piano e Brian Blade na bateria (já agora, aconselha-se muito a escuta de Children of the Light destes três). Lançado pela Edition Records, uma editora à qual se deve dar muita atenção, Patitucci apresenta-se aqui em trio, mais uma vez com Brian Blade na bateria e com Chris Potter (quiçá o saxofonista mais influente desde os anos 90, membro regular dos grupos de Pat Metheny) nos saxofones tenor e soprano, assim como no clarinete. Com excelentes composições de Patitucci, excepção feita a House of Jade de Wayne Shorter, e uma gravação de bastante qualidade, Spirit Fall é um dos melhores discos de jazz do ano - embora seja necessário realçar que a ausência de instrumento harmónico pode tornar a sua escuta mais difícil a alguns ouvintes.
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