A verdade sobre a situação da darTZeel, o estado actual do mundo do High-End e a perspectiva de Ricardo Franassovici sobre aquilo que é necessário fazer.
As notícias não confirmadas são o pão nosso de cada dia do mundo da Internet e podem causar danos difíceis de reparar. O texto aqui vertido resulta da leitura de uma dessas notícias publicada na Internet e referente a um dos mais prestigiados fabricantes de equipamentos de áudio High-End, a darTZeel, fundada na Suíça por Hervé Delètraz.
Alvitrava essa notícia, proveniente de um nome causador de diversas celeumas na área da alta-fidelidade do Reino Unido já desde os anos oitenta, que a darTZeel estaria fora da actividade, situação essa que já seria patente há diversos meses, ou seja, que teria «alegadamente» entrado em falência, em termos mais directos. Conhecendo eu Hervé já desde os tempos do Audioshow 2010 no hotel Palace, no Estoril, quando veio apresentar os monoblocos NH-458, e tendo-me encontrado com ele no último show de Munique sem que me fosse transmitida qualquer situação de dúvida sobre a marca, achei esta notícia muito estranha e fui investigar um pouco mais.
Vim a saber que a esposa do auto designado jornalista trabalha para um outro fabricante de High-End, igualmente suíço, o que retiraria alguma credibilidade à referida notícia, e que ela carecia de aprofundamento pois, no mínimo, uma consulta junto das autoridades fiscais suíças teria permitido obter dados sobre a situação exacta da darTZeel, uma vez que naquele país existem regras muito rigorosas sobre o funcionamento de uma empresa as quais têm que ser estritamente cumpridas.
Não demorou muito tempo que aparecesse em diversos meios de comunicação pela Internet o comunicado da darTZeel, que vou aqui transcrever na íntegra para evitar falhas de tradução que poderiam comprometer a compreensão total do seu conteúdo:
The uncertain global economic and political climate has drawn attention away from entertainment.
But above all, the race to offer the most expensive product, claiming it’s better, while giving ever larger discounts to end users.
This extreme High-End market, whose noble and honorable purpose at its beginnings was to offer music lovers the best possible reproduction quality, has turned into a mass market, comparable to the souks of Marrakech – which I personally love, but for a different purpose – where the highest discount has become the main focus.
This trend, though not new, is now rotting the extreme High-End market and is destroying the industry.
I, Hervé Delétraz, founder and creator of the darTZeel brand, have decided that this business model no longer aligns with my vision of Extreme High End.
Not only will the darTZeel brand continue to exist, but it will also change its paradigm by focusing on new concepts, which for now will remain undisclosed for obvious reasons.
What you need to know now are the following:
1. darTZeel is more alive than ever, and legendary customer service remains unchanged.
2. Current production of the NHB, CTH, and LHC series will now be made only on demand.
For existing customers: It is strongly advised not to sell off your darTZeel equipment on AudiogoN or elsewhere, because from now on, owning a darTZeel instrument is an investment.
3. A new line of instruments, aimed at a broader audience, is currently under study. Stay tuned!
darTZeel instruments are made in Geneva to last forever. Period.
Portanto, parafraseando, Mark Twain, são muito exageradas as notícias sobre a real situação da darTZeel.
Mas, por outro lado, talvez seja este o momento certo para falarmos sobre alguns aspectos que envolvem o mundo da alta-fidelidade. É normal que empresas abram e fechem e o mundo do áudio de alta qualidade não é imune a isso. Quantos nomes outrora altamente reverenciados não desapareceram na espuma dos dias? Assim de repente posso recordar marcas que brilharam em muitos shows de áudio por esse mundo fora tais como Cello, Treshold/Forté, Accoustat, Dunlavy, Counterpoint, Infinity, NYAL (New York Audio Labs), CAL, EAD e assim por diante.