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A verdade sobre a darTZeel e o mundo do High-End

A verdade sobre a darTZeel e o mundo do High-End

Jorge Gonçalves/Ricardo Franassovici

19 outubro 2024

A verdade sobre a situação da darTZeel, o estado actual do mundo do High-End e a perspectiva de Ricardo Franassovici sobre aquilo que é necessário fazer.


Ao mesmo tempo, também é uma verdade, tema já por diversas vezes discutido entre mim e diversos membros da indústria do áudio, que há fabricantes que estão a pedir com demasiada facilidade centenas de milhares de euros pelos seus equipamentos de topo, situação esta que se estende a muitas outras áreas tais como as do vestuário, jóias, relógios, vinhos e assim por diante. A resposta que invariavelmente recebi era que os distribuidores dessas marcas nos mercados de fora da Europa, solicitavam permanentemente equipamentos de preços mais e mais elevados. Como se sabe desde o princípio do mundo, ganância gera ganância e a riqueza fácil que se tem espalhado por quase todo o mundo fez alguns achar que poderiam gastar o que lhes apetecesse para comprar algo desde que fosse caro, e outros, em resposta, aumentarem os preços porque se não fossem suficientemente elevados os seus clientes não estariam interessados. É mais ou menos evidente que esta espiral de crescimento tem que ser controlada de algum modo, mas não podemos julgar todo o mundo do High-End pela mesma bitola.

Foto 3 High-End

Houve realmente alguns que se encantaram com os mercados asiáticos e dos países do petróleo, e isso não é de louvar, mas aquilo que ninguém nos deve poder tirar é o que ouvir um grande sistema desperta em nós em termos de emoção de envolvimento musical, de nos fazer sentir, de uma maneira quase real, que fazemos parte do Processo Musical Em Curso. O cheiro oloroso das madeiras dos instrumentos de cordas quase que se evanesce em conjunto com as notas emitidas e perfuma a nossa sala. Haverá sempre quem tenha coisas negativas a dizer, pelas mais variadas razões, que respeito em geral, mas há uma com a qual nunca poderei concordar que é a típica “são verdes, não prestam”. Deixarei eu de apreciar uma Mona Lisa ou Os Girassóis de van Gogh, para citar apenas dois quadros defronte dos quais estive bastante tempo, apenas por custam muitos milhões? Deixarei eu de apreciar uma belo automóvel, quer pelas linhas quer pelo motor, apenas porque nunca terei dinheiro para o comprar? Nunca, não há dinheiro que pague o prazer de poder espraiar os olhos por verdadeiras obras-primas nem elas deixam de o ser pelo simples e mero facto de eu nunca possuir a quantidade necessária de vil metal para as levar para casa. Alguém pensará alguma vez na vida levar para casa uma Sinfónica de Londres ou a Filarmónica de Viena depois de ter estado num concerto em que estas orquestras maravilharam quem lá estava com níveis de execução superlativos ou em trazer, por exemplo, um Paganini da cova depois de ouvir Henrik Szering tocar uma das suas sinfonias? Claro que não é possível ser-se dono e senhor de orquestras como estas mas pode-se ter em casa um sistema de áudio que quase as traz até à nossa sala e também quase parece fazer renascer das cinzas Paganini. É essa a espantosa magia do High-End.

Foto 4 High-End

Há que manter as distâncias e não deixar que outros, quaisquer que sejam as razões porque emitem as suas opiniões e se arvoram em muito importantes e sabedores (convém aqui destacar que a relevância não somos nós que a reclamamos, e se o fazemos é mau sinal, é externa a nós e é-nos conferida, ou não, pelos que nos rodeiam em face dos valores que em nós reconhecem), de algum modo nos amarrem a elas e nos façam perder a liberdade de nos maravilharmos perante o que é belo, seja do ponto de vista visual seja do ponto de vista sonoro. Deixemos o High-End continuar a ter toda a sua quase inexaurível capacidade de nos transmitir encanto e magia, mudando provavelmente alguns dos seus parâmetros, até porque já tem algo como 50 anos de presença no mundo do áudio. Notem que não estou aqui de modo nenhum a fazer um sermão, neste caso seria não aos peixes mas aos amantes da boa música, em primeiro lugar porque não sou santo, muito longe disso, em segundo porque não me chamo António. Apenas me sinto na obrigação de, usando uma parte da experiência no mundo do áudio adquirida ao fim de mais de 50 anos como «militante», clarificar alguns aspectos essenciais ligados à fruição do nosso passatempo porque que já há «Wokismos» de mais neste mundo, não precisamos de inventar outro!

Foto 5 High-End

Não matem o mensageiro apenas porque as notícias que trouxe não são as mais agradáveis de ouvir, ou seja, num mundo ideal conseguiríamos ter um excelente sistema de áudio custando umas poucas centenas de euros baseado, por exemplo, numa amplificador com Bluetooth, vendido por uma bagatela na Aliexpress. Mas não estamos nesse mundo ideal, desenvolver equipamentos com desempenhos superlativos não é barato, fabricá-los também não. Somando a tudo isto os custos de transporte, taxas de importação e exportação, margens de distribuição e revenda, facilmente concluímos que, mesmo que haja quem exagere nos preços que pede, na sua maior parte os preços dos equipamentos de High-End são justificados. Aliás, pensando bem, se olharmos para o nosso pequeno rectângulo à beira-mar plantado, em que a passagem para o euro causou rapidamente uma desvalorização de 1 para 4 ou mesmo 1 para 5 no valor do dinheiro, e a isso juntarmos a inescapável inflação, os preços de muitos equipamentos High-End vendidos hoje em dia, quando comparados com os equivalentes dos anos oitenta, não são assim tão elevados.

Foto 6 High-End

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