Colunas Acoustic Energy Corinium

Miguel Marques

1 outubro 2024

O High-End começa onde menos se espera

Tem sido comum nos tempos mais recentes que marcas mais associadas ao high-end tenham lançado produtos mais acessíveis, como foi o caso da Sonus faber e da nova gama Lumina. Menos comum (e mais difícil de percorrer) é o caminho inverso - marcas que se destacam a fazer bons produtos acessíveis tentarem aproximar-se do mercado high-end... E é precisamente isso que a britânica Acoustic Energy está a tentar fazer com as novas colunas de chão Corinium, o modelo mais caro da sua história (mas ainda a um preço muito longe do verdadeiro high-end e, portanto, ainda «acessível»).

Com um soft dome tweeter, um altifalante de médios (que funciona de 260 Hz a 3.4 kHz) e dois de graves em fibra de carbono (estes últimos funcionam em paralelo, traduzindo-se este design por três vias), um crossover com partes meticulosamente seleccionadas (como cablagem Wireworld e um filtro de segunda ordem), uma caixa tilted (o que melhora significativamente o alinhamento temporal), e com várias inovações a nível de rigidez e ressonâncias, as Corinium são a consequência dos 40 anos de experiência da Acoustic Energy e de três anos de intensa P&D. E, apesar da existência de um pequeno pórtico traseiro, e de uma abertura para o altifalante de médios, a Acoustic Energy considera que “it’s more of a sealed box design that’s underlined by a bass port” - o que significa que a AE tentou aqui conseguir o melhor de dois mundos: a rapidez das caixas fechadas com a extensão de baixos que os pórticos permitem. Com uma impedância de 4 ohm e uma sensibilidade de 92 dB, estas Corinium deverão ser razoavelmente fáceis de amplificar (embora na Exaudio me tenha sido dito que elas conseguem beneficiar de amplificação numa gama de preço muito acima do seu valor, usando, por exemplo, Bricasti em vez de ATC).

Foi assim então que me desloquei à Exaudio uma tarde, para ouvir estas Corinium (os cerca de 40 kg cada uma destas colunas pesa não permitiram a audição das mesmas em casa), muito bem acompanhadas por um streamer Pulse da Innuos, ligado por AES/EBU a um DAC Bricasti M3, que por sua vez transferia o sinal por ligação não balanceada a um amplificador integrado ATC SIA2-150, que ligava então as Corinium - no Innuos Pulse corria o serviço de streaming Qobuz e no M3 efectuou-se uma ligeira atenuação do patamar digital de -3db. Foi ainda usada uma régua de tomadas Chord PowerHaus S6 e a seguinte cablagem: cabos de alimentação Chord e Plixir; cabo digital AES/EBU Signal Projects Ultraviolet; cabos de interligação Chord Sarum T; e cabos de coluna Chord Sarum T. Visualmente, as Corinium são muito bonitas ao vivo (disponíveis na Exaudio na versão em madeira), mas de uma forma understated - ao contrário de outras marcas, não têm um design imediatamente chamativo ou particularmente marcante, mas transmitem a sua beleza de uma forma discreta e elegante (pela imagens online, fiquei muito curioso com a versão em branco).

Durante a minha audição passei por muitos discos de jazz, particularmente por vários clássicos da Blue Note (onde tantas vezes os graves são deficientes), mas também por outras (eclécticas) escolhas: dos Nocturnos de Chopin da “nossa” Maria João Pires aos Quartetos de Cordas dos impressionistas Ravel e Debussy (Emerston String Quartet), passando pela bossa nova de Rosa Passos e de Sinatra/Jobim ou pelo groove de Mayra Andrade (Navega) ou Buena Vista Social Club (disco homónimo). Houve ainda algum tempo final para a Orquestra de Praga e as suas interpretações da música de Lord of the Rings e Harry Potter, alguma música electrónica (Tourist, Saint Germain) e para o rock, com alguns temas de Dark Side of the Moon, do Use Your Illusion, dos Guns N Roses ou mesmo alguns temas avulso, como Riders on the Storm (The Doors), Brothers in Arms (Dire Straits) ou There, There (Radiohead).

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