O silêncio é tão importante como as notas
A ZenSati é uma marca de cabos criada pelo dinamarquês Mark Johansen e que há anos anda nas bocas do mundo. A gama é actualmente bastante extensa incluindo nada menos de 9 referências de níveis de preços variados.
A distribuição em Portugal por parte da Exaudio é relativamente recente e fez-me suscitar a curiosidade relativamente a ouvir estes cabos no meu sistema. Vamos então começar por falar um pouco sobre alinha ZenSati Silenzio, embora fique desde já aqui o alerta de que em termos técnicos a marca é algo reservada em relação a revelar detalhes pelo que o que aqui vou deixar é o resultado de muita pesquisa feita aqui e além.
Descrição técnica
Externamente os cabos têm um excelente aspecto, diria mesmo quase luxuoso, com uma malha externa de protecção em tons de dourado e negro. A estrutura interna dos condutores varia consoante o tipo de cabo sendo, por exemplo, utilizada nos cabos de corrente a tecnologia Litz – vários condutores, isolados individualmente e enrolados uns sobre os outros – daí resultando uma grande quantidade de condutores por cada linha de ligação (fase, neutro e terra), e um diâmetro externo final bem razoável, até porque a ZenSati utiliza o ar como isolador global e, além disso, mantém os condutores de cada cabo resultante a uma distância bem razoável um do outro. Cada conjunto de condutores é isolado por uma manga de material plástico com diâmetro e características específicas – novamente como um exemplo, nos restantes cabos da gama - que não sejam de corrente -, recorre-se ao FEP (propileno-etileno tratado com flúor).O material utilizado para os condutores individuais é o cobre OFC de elevada qualidade, com uma camada externa de prata de espessura adequada para evitar eventuais excessos efeitos nocivos no som global resultantes de prata em excesso. Todos os cabos desta gama utilizam uma blindagem externa que envolve os condutores, sendo os condutores dessa malha de blindagem igualmente de cobre revestido a prata, do que resulta uma estrutura razoavelmente rígida para os cabos. Os cabos de coluna têm uma blindagem tripla e a ZenSati vai ao extremo de utilizar dois cabos, com imponente diâmetro, por canal, o que significa trabalhos dobrados quando chega o momento de os ligar porque são bem rijos de manejar.
Os terminais de ligação são igualmente quase como que uma obra de ourivesaria, com as fichas RCA a serem fabricadas segundo as rígidas especificações da ZenSati, do que resulta uma capacidade de fixação ao suporte quase inigualável, embora quase não seja necessário nenhum esforço especial para os inserir. Já as fichas de sector Schuko e as XLR são da gama de topo da Furutech. Sobre as bananas e forquilhas não consegui saber nada mas a construção é decididamente de primeira água.
Audições
Testar cabos não é decididamente uma das coisas mais fáceis de fazer, ainda mais quando fui «prendado» com um conjunto que incluía os dois cabos de coluna, um cabo de alimentação e um cabo de interconexão RCA/RCA. Ou se define uma metodologia ou ficamos completamente perdidos. O teste relativamente recente dos cabos de coluna da Shunyata acabou por me ajudar a criar exactamente essa metodologia pois tinham sido inseridos no meu sistema dando origem a apenas uma modificação, mantendo a estrutura global do conjunto quase imutável, ou seja, achei que, uma vez mais, o melhor era mudar apena um elemento num sistema de mim bem conhecido e caminhar mais tarde no sentido de explorar os outros dois cabos.
O sistema de teste foi então aquele já bem conhecido de todos os que me seguem sendo formado pelo conjunto de electrónica Inspiration 1.0, da Constellation, e tendo como fonte digital o Roon Nucleus Plus, alimentado pela fonte de alimentação Ferrum Hypsos, com o iFi Audio Pro iDSD como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme, sendo o prévio de gira-discos o Nagra CLASSIC Phono. As colunas eram as Diptyque DP 140MkII, e os cabos de interconexão eram predominantemente da gama Select, da Kimber, com o AudioQuest Thunderbird ligado entre o iFi Audio Pro DSD e o prévio da Constellation. Os cabos de coluna passaram então a ser, no início deste teste, os ZenSatiSilenzio. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum, à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, sendo o amplificador de potência da Constellation alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. O Silent Power LAN iPurifier Pro, acompanhado pelo cabo de Ethernet AudioQuest Cinnamon, tomou conta das ligações à Internet. Os cabos de coluna Silenzio rodaram no meu sistema durante cerca de três dias, com um bom número de horas de música por dia. Só depois passei às audições «a sério».
E tudo começou da melhor maneira pois, ao escutar András Schiff a tocar as 6 Bagatelles, op. 126, n.º1. em Sol,de Beethoven, fui prendado um dos pianos mais bem reproduzidos que alguma vez ouvir: notas belíssimas, com um conteúdo harmónico que as completa e deixa que as percussões tenham lugar onde deve ser – os martelos a percutirem as cordas e nunca os ouvidos. Som solto, alegre, como uma separação notável entre canais e uma transparência de cristal de Sèvres!