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Amplificador integrado Kora TB140

Amplificador integrado Kora TB140

Jorge Gonçalves

11 agosto 2025

A quadratura das válvulas e dos transístores


Audições

O Kora TB140 foi inserido no meu sistema habitual, substituindo o conjunto de electrónica de amplificação Inspiration 1.0, da Constellation, tendo como fonte digital o Roon Nucleus Plus, alimentado pela fonte de alimentação Ferrum Hypsos, com o iFi Audio Pro iDSD como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme, sendo o prévio de gira-discos o Nagra CLASSIC Phono. As colunas eram as QUAD ESL 63, que vão alternando com as Diptyque DP 140MkII, e os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber, com o AudioQuest Thunderbird ligado entre o iFi Audio Pro DSD e o prévio da Constellation. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum, à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, sendo o amplificador de potência da Constellation alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. O Silent Power LAN iPurifier Pro , acompanhado pelo cabo de Ethernet AudioQuest Cinnamon, tomou conta das ligações à Internet. Como não tenho comigo nenhum cabeça MM, optei por não testar a entrada de gira-discos do TB140. Mas, de um outro ponto de vista, experimentei o TB140 com os cabos de colunas da VYDA e a combinação funcionou muito bem. Mas, sobre isso falarei mais tarde, quando publicar o teste destes cabos.

Foto 7 Kora TB140

Um dos aspectos mais citados quando se fala das ESL 63, e eu próprio o tenho feito muitas vezes, é que elas funcionam muito bem com válvulas, alvitram alguns, novamente eu incluído, que talvez devido ao facto desses amplificadores terem um transformador de saída que garantiria uma adaptação de impedância quase perfeita entre as válvulas de potência e o transformador de entrada das 63. Pois e não é que o TB140 resolveu mostrar que essa é uma análise muito reducionista: é que, não tendo transformador de saída mas utilizando válvulas, a combinação dos dois equipamentos funcionou como sopa no mel. As palavras que a Kora utiliza no seu site descrevem de maneira quase completa as sensações que tive quando das primeiras audições: “A neutralidade do circuito faz com que as micro distorções sejam evitadas quase por completo, proporcionando uma experiência auditiva muito mais natural. Por vezes, uma voz «a capella» parece emergir do nada. A ausência de brilho artificial revela muitos detalhes, transmitindo a sensação de precisão na mensagem. O grande respeito pelo desfasamento nulo dá origem a uma grande precisão espacial de localização de cada instrumento.” Eu não diria melhor.
De facto, a separação entre os andares de amplificação de tensão e de corrente parece trazer o melhor dos dois mundos, com as válvulas, funcionando de um modo extremamente livre, já que não têm sobre elas nenhuma carga complicada, produzem uma limpidez e arejamento raramente ouvidos a este nível de preços, ao mesmo tempo que o andar de amplificação de corrente garante uma segurança enorme e um controlo quase total da coluna que funciona igualmente de maneira bastante arejada e limpa, embora não deixe de dar um arzinho da sua graça quando aparecem graves exigentes tais como os tímpanos e os pedais na entrada de Assim Falou Zaratrusta, de Richard Strauss, apenas como um exemplo.

Foto 9 Kora TB140

Num outro tom, ouvir John Coltrane e John Hartman em You Are Too Beautiful foi uma verdadeira delícia em face do calor e presença na sala da voz de Hartman, sem quaisquer sibilâncias nos sons mais agudos, e verdadeiramente maravilhosa separação entre os sons vocais e os dos instrumentos, o que proporcionava uma claríssima distinção dos mais pequenos detalhes e me fazia sentir quase como se estivesse num pequeno clube de jazz em frente ao piano de McCoy Tyner e do baixo de Jimmy Garrisson, ambos com uma presença quase física mas nunca colidindo no espaço. Uma beleza de ouvir.
O TB140 fez uma parelha de primeira água com as ESL 63, fazendo-as cantar na gama média, emitindo sons de sopro e madeiras de um modo suave e ao mesmo tempo lúcido, sem qualquer lampejo de coloração, ao nível dos grandes sons que dela tenho ouvido. E foi isso que me fez revisitar Johnny Cash cantado In Your Mind, uma canção que começa, como muitas deste cantor, com Cash como elemento principal, cantando e tocando guitarra, e a banda em ano de fundo, assim como que um nadinha dispersa. À media que a canção avança, todos os músicos, muitos deles grande nomes, assumem maior relevância, com especial destaque para Ry Cooder e seu electric slide, e os limites do palco sonoro alargam-se, ficando este mais «povoado». O certo ponto, a voz quase sepulcral de Cash é secundada por um coro de seis harmónicas vocais e é mesmo impressionante perceber, fundamentalmente em função da verosimilhança com que a voz de Cash é reproduzida e pelas capacidades espaciais do TB140, que os intérpretes da harmónica rodeiam quase totalmente Johnny, formando um conjunto altamente coeso, embora sempre com perfeita definição do posicionamento de todo e cada um, quase como que ficando sob a luz de um holofote de cada vez que intervém com mais vigor.

Kora-TB140-3

Aliciado pelo facto de nos últimos dois anos ter ouvido no espaço conjunto das duas marcas em Munique as colunas Diptyque ligadas à electrónica da Kora, não quis «encerrar as hostilidades» sem ligar as minhas DP140 MkII ao TB140 (interessante coincidência de referências numéricas), isto embora sabendo logo à partida que as Diptyque necessitariam de mais «sumo». A ideia era mais ou menos apreciar como é que os dois equipamentos se conjugavam do ponto de vista de timbres e de controlo. Gostei, posso dizer desde já, da rapidez quase instantânea com que as Diptyque reproduziram transitórios e a clareza e transparência inerentes à gama média e aguda. Claro que os grandes crescendos orquestrais, tais como os presentes na 2.ª Sinfonia de Mahler, interpretada pela Sinfónica de Boston, dirigida por Benjamin Zander, logo no primeiro andamento, fazem notar que as Diptyque necessitam de mais «pulmão» por detrás delas (é de notar que nunca tive qualquer sensação de compressão) mas nada disso obscurece a graciosidade com que este par dançou na minha frente sempre que as cordas e os instrumentos de sopro, principalmente as flautas, eram os elementos principais do processo musical em curso, numa demonstração plena de que o TB140 é um amplificado que pede meças a outros bem mais conceituados e mesmo bem mais caros.

Foto 6 Kora TB140


Conclusão

Mas então o TB140 é um amplificador perfeito? Não, não é, nem seria expectável que o fosse. Mas é muito bom dentro daquilo que faz, seja em termos de resolução de detalhes, de espacialidade, de uma rapidez cortante na reprodução de transientes, num grave imponente e controlado. Só há que ter sempre em atenção as suas características eléctricas e electrónicas e não sermos levados pelo entusiasmo de exigir de mais dele. Ah, e convém ter em casa uma boa colecção de discos e / ou uma lista de reprodução muito bem escolhida, isto porque a combinação do Square Tube com o andar de saída em corrente é terrivelmente reveladora e vai mesmo mostrar tudo o que está na gravação. Mas desde quando é que a sinceridade é um defeito?


Amplificador integrado Kora TB140

Preço                       5780 €
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