Conveniência audiófila com 7 g por ouvido e a preço reduzido:
Os auriculares sem fios Pi6 da B&W
Audição
A audição foi realizada ligando os Pi6 ao meu telemóvel, um LG H930. Os meus DAP Pioneer XDP300R e outro Astell & Kern Kann Max, têm o sistema operativo Android, mas é uma versão proprietária e compactada e, aparentemente não compatível com os codecs Bluetooth disponíveis nos Pi6 (mas com os Pi8 posso fazer streaming a partir da caixa de carregamento). A possibilidade seria a instalação dos ficheiros APK respetivos, mas a B&W não disponibiliza tal formato.
Realizei audições em casa, nos transportes públicos ou em passeios ao ar livre.
Os Pi6 aderem muito bem aos ouvidos e só isso proporciona um excelente isolamento, mesmo sem recurso a qualquer tipo de cancelamento sonoro. No modo de cancelamento, o efeito é excelente e a qualidade de reprodução mantém-se elevada. O modo Pass-Through, tal como nos Pi8, representa um bom compromisso. A utilização continuada dos Pi6 é confortável e não cansa.
Playlist
Ensemble del Passato – Music from 400 Years Ago, Vol. 2 Lucrezia, 1623 – Qobuz 24 bit /96 kHz
Carlo Vistoli &Akademie für Alte Musik Berlin (dir. Georg Kallweit) – Vivaldi Sacro Furore - Stabat Mater, Nisi Dominus, Concerti– Qobuz 24 bits/96 kHz
Pierrick Pédron Quartet– The Shape of Jazz to Come (Something Else) – Qobuz 24 bits/96 kHz
Keith Jarrett, Gary Peacock & Paul Motian– The Old Country (Live at the Deer Head Inn) – Qobuz 24 bits/44,1 kHz
Tony Levin – Bringing It Down to the Bass – Qobuz 24 bits/48 kHz
London Grammar – The Greatest Love – Qobuz 24 bits/44,1 kHz.
De uma forma geral posso dizer que achei o som dos Pi6 muito agradável, curiosamente sobretudo no modo de cancelamento de ruído em termos, tal como no caso do Pi8, da precisão dos timbres da separação estéreo e da extensão do palco sonoro. No entanto, sobretudo no que diz respeito à separação estéreo e dimensão do palco sonoro, os Pi8 são bastante superiores (sobretudo no modo TrueSound). Os graves são corretos e sem exageros e os agudos são musicais q.b. Mas quando as massas sonoras são consideráveis, os Pi6 mostram uma ligeira compressão e perda de discriminação dos timbres (ao contrário dos Pi8). As diferenças no desempenho do Pi6 e Pi8 desvanecem-se bastante no modo de cancelamento de ruído.
Na clássica, começamos pelos Ensemble del Passato. A soprano Anna Budzyńska e os Del Passato são um novo agrupamento polaco de música renascentista que tem chamado a atenção dos apreciadores. A voz de Budzyńska é sofisticada e bela e as cordas que a acompanham excitantes e imprevisíveis (ao ponto de lembrarem Jazz Manouche). A gravação não ofereceu grandes dificuldades aos Pi6 que souberam preservar muito bem os timbres da voz e das cordas e a bela agitação da interpretação. Depois passamos ao contratenor Carlo Vistoli a interpretar o grande reportório sagrado de Vivaldi com a grande orquestra Alte Musik de Berlin. A voz de Vistoli é dramática e ágil e as cordas da Alte Musik têm uma premência extraordinária com ataques precisos e contrastantes às notas, sobretudo durante os tutti. Aqui os Pi6 soaram bastante bem, mas notei alguma compressão e confusão nos timbres, dado o estreitamento do palco sonoro.
No jazz, em primeiro lugar apreciemos o quarteto de Pierrick Pédron a reinterpretar o álbum clássico de Ornette Coleman com o mesmo título. Pédron é convincente e imprevisível e a temporização dos Pi6 manteve os zigzags brincalhões e muito «colemanianos», tornados contemporâneos por Pédron. De facto, os Pi6 mostraram uma excelente resposta à música de Coleman (via Pédron) com uma acústica muito precisa. Depois, um dos maiores trios de Jazz de sempre, Jarrett, Peacock & Motian, desta vez numa gravação ao vivo. Grande música, executantes transcendentes, ambiente intimista. O palco sonoro dos Pi6 envolveu com facilidade os músicos, dando-lhes espaço sonoro para que os seus instrumentos interagissem, dançassem uns em torno dos outros sem deixarem de manter a sua individualidade e assinatura tímbrica própria. Os Pi6 não desmereceram e deixaram a música do trio relevar o seu encantamento subtil.
Finalmente, o pop-rock - escutamos Tony Levin, a grande glória do baixo elétrico a desafiar as competências dos Pi6 a esse nível. E os registos graves dos auriculares a mostrarem-se à altura, cheios poderosos e sem distorções ou exageros. A encerrar a resenha, os oníricos London Grammar e Hannah Reid, a rainha da música subtil a dar cartas. Os Pi6 lidaram bem com o ambiente carregado de emoção, mas sempre belo, sem exagerarem a escuridão ou a doçura dos registos, mantendo uma preciosa neutralidade e fazendo realçar o melhor da gravação.
Conclusão
Os Pi6 apresentam uma boa qualidade audiófila e mostraram grande conveniência e flexibilidade. Conseguem um bom desempenho, mas um pouco aquém, como seria de esperar, dos mais caros, o irmão mais velho Pi8. No entanto, as diferenças atenuam-se bastante quando se utiliza o cancelamento de ruído.
A minha recomendação? Se o leitor só quiser os auriculares para usar no exterior, transportes públicos e ambiente ruidosos (recorrendo para isso ao cancelamento ativo de ruído), dir-lhe-ei que provavelmente a aposta pelos Pi6 maximiza o quociente qualidade/preço. Se o preço não é uma consideração decisiva ou pensa usar frequentemente os auriculares em ambiente onde o Truesound possa ser utilizado, então a quociente passa claramente a favorecer os Pi8.
Auriculares sem fios B&W Pi6
Preço 249 €
Representante B&W Group Spain/Masimo