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Roksan/Monitor Audio/Rel/Volumio

Roksan/Monitor Audio/Rel/Volumio

Miguel Marques

6 janeiro 2025

Um sinfonia a quatro mãos


Teste



Tendo em conta que este teste será inevitavelmente um pouco maior que o costume, irei alongar-me menos na descrição dos discos ouvidos - que passaram essencialmente por alguns discos de jazz saídos recentemente e por playlists construídas por mim e sempre presentes no meu servidor, compostas por música clássica, pop/rock e bossa nova, para tentar abarcar o maior espectro musical possível. Acabadas as audições, ficam aqui algumas notas sobre os produtos:

Foto 6 teste Rksan_MA50_Rivo_REL

1) Como já me tinha acontecido com as Silver 100 e com as Studio 89, gostei muito das Gold 50 - como costumo gostar das Monitor Audio em geral, que me soam sempre a um meio-termo entre colunas mais técnicas (como as KEF) e colunas mais artesanais, como as B&W, numa espécie de compromisso perfeito entre engenharia e arte. As Gold soam mais cruas e reveladoras do que as Studio 89, que soam mais idealizadas e aveludadas, e são claramente mais refinadas do que as Silver 100 que testei (especialmente nos agudos) - caberá ao leitor ouvi-las e decidir de qual gosta mais. Aliás, durante a minha deslocação à Delaudio, fiz também uma breve comparação entre as Gold 50 e as Gold 100 e a principal conclusão (tirada por mais pessoas) foi que soam muito diferentes (não melhor ou pior). Em jeito de resumo, as Gold 50 têm excelentes agudos (muito parecidos aos da Studio 89), sem qualquer sombra de agressividade), boa linearidade nos médios e graves bastante definidos, mas sem uma extensão profunda - e a tudo isto se junta uma sensação de palco bastante equilibrada, sem excessiva proximidade nem excessiva largura / altura.

Foto 7 teste Rksan_MA50_Rivo_REL

2) O Roksan é um produto muito interessante, particularmente nesta versão com streaming - devo aliás dizer que os amplificadores com DAC são, neste momento, um produto um pouco difícil de compreender: ou se desenha um amplificador 100% analógico ou amplificador com streaming, já muito pouca gente usará apenas o DAC. Com um som ligeiramente menos directo que os Classe D (como o Rose RA280) mas muito mais imediato que um Classe A ou um amplificador a válvulas, este Roksan é também muito virado para o futuro, com uma App própria (com algum DSP envolvido) e o uso do protocolo BluOS como streaming – uma excelente escolha, que já tive a sorte de experimentar em vários outros produtos e que funciona muito bem (gostaria, já agora, que a Roksan incorporasse a igualização do BluOS, presente em outros produtos, em futuras actualizações). Incorpora ainda um entrada HDMI ARC, cada vez mais usada, e tem uma secção digital que me impressionou pela qualidade (foi preciso ligar um Pro iDSD da iFi Audio, um DAC quase do preço do amplificador, para se notarem ganhos audíveis). Uma pequena nota ainda sobre este circuito “Rapture DAC”, envolto em algum desnecessário mistério por parte da Roksan: trata-se do uso de um comum chip PCM1796 da Burr Brown, evitando assim os mais comuns ESS e AKM, usando um circuito de saída discreto, em detrimento dos mais tradicionais Ampops. Estes chips são muito usados, por exemplo, pela iFi Audio e possuem um som um pouco mais vintage / analógico que os ESS, com uma ligeira atenuação dos agudos. Mais pormenores aqui:

Roksan Rapture DAC

Foto 8 teste Rksan_MA50_Rivo_REL

A aplicação Maestro permite regular, de forma simples e inteligente, diversas funções do amplificador como auto standby (desligar-se ao fim de xis tempo sem utilização), safe volume (quando a unidade é ligada, não passa de um certo volume, mesmo que tenha ficado muito mais alto quando se desligou), actualizações de firmware, linguagem, escolher os ícones e sensibilidade das entradas (teria sido interessante poder mudar o nome), um controlo de igualização tilt (que aumenta graves e diminui agudos ou vice-versa), um controlo de balanço e ainda um de loudness (que permite dar mais corpo e presença ao som a baixos volumes, e que funciona muito bem). Para completar, é ainda possível integrar um subwoofer, com controlo sobre crossover e fase - e, já agora, o controlo remoto é muito bonito, pequeno e ergonómico, mas um pouco direccional, não sendo sempre fácil que o amplificador receba os seus comandos.

Testei ainda rapidamente o Roksan com umas KEF LS50, por mera curiosidade, e tudo correu bem - com o Roksan a imprimir muito pouca marca sonora, deixando essa função para as KEF, que são de facto colunas muito diferentes das Gold 50. Isto mostra mais uma vez que o Roksan é um amplificador bastante neutro, embora um pouco diferente dos Classe D, menos rápido e directo - mas não tem a acentuação nos médios graves que muitas vezes os Classe A e os valvulados têm (ou mesmo alguns classe A/B). Linear, directo e transparente, o Caspian “sai da frente” e deixa o carácter das fontes que o precedem e das colunas que lhe sucedem marcar o som do conjunto do sistema, ou que, juntando uma excelente secção de streaming e um bom DAC, torna este “tudo em um” um produto bastante apelativo.

3) Ainda sobre o Roksan, há um detalhe importante a reter - este amplificador é um amplificador com um ganho global relativamente baixo (+29 dB), como aliás me foi referido na Delaudio, e que tenho vindo a reparar que mais marcas têm adoptado recentemente. Não tenho conhecimentos técnicos para rebater os méritos ou não desta escolha, mas é necessário ter cuidados com: colunas pouco eficientes; uso de atenuação digital (no meu caso, geralmente entre -3 dB e -6 dB); melómanos que oiçam muita música clássica, que muitas vezes está gravada muito baixa; quem apenas tenha fontes com saídas de 2V; e quem tenha espaços muito grandes. É preciso ainda dizer que a falta de ganho não se resolve simplesmente aumentando o nível de volume (ou diminuindo a atenuação do préamplificador), mas sim adicionando ganho (o que pode acontecer mesmo andar final de alguns circuitos de préamplificação, em que a atenuação se torna em acréscimo de ganho). Neste caso particular, com colunas pouco eficientes (85 dB) e o uso de -6 dB de atenuação digital da minha parte, e uma fonte com saída RCA de 2 V, houve por vezes alguma falta de corpo - mas com a introdução de um DAC Pro iDSD, ligado por XLR e com uma tensão de saída de 4…6 V, tudo se compôs e o Roksan soou no seu melhor, sem quaisquer limitações (aproveitando também o facto do circuito de préamplificação do Caspian ser completamente balanceado).

Foto 9 teste Rksan_MA50_Rivo_REL

4) O REL foi uma surpresa muito agradável e o uso de subwoofer é algo a que mais audiófilos têm de se habituar, removendo os preconceitos que ainda existem com estes produtos (e eles devem ser incluídos mesmo em sistemas que não incluam cinema). A capacidade de reproduzir as primeiras oitavas do espectro musical é particularmente útil com música electrónica ou pop, onde os sintetizadores muitas vezes usam a região abaixo dos 50…60 Hz, com alguma música clássica, especialmente se instrumentos como o órgão forem usados, e com cinema em casa, onde o corpo extra que um sub proporciona eleva a experiência de forma inesquecível. Devo dizer que, no que toca a música mais comum, pelo menos para a minha geração, gostei bastante mais do efeito do REL no baixo eléctrico (onde acrescentou um peso às notas que nunca tinha ouvido no meu espaço) e no bombo da bateria do que no contrabaixo, onde esse acrescento de corpo roubou um pouco de definição, tendo acabado por preferir ouvir jazz sem o uso do mesmo (sendo também possível que haja algum erro da minha parte, devido à pouco experiência que tenho com estes produtos, apesar de ter tentado diversas posições de crossover e volume). Destaque final para esta edição em vermelho, inspirada pela Ferrari, que chama imediatamente a atenção, destacando-se e muito de outros subwoofers no mercado.


5) O Rivo é um produto muito interessante, e que tinha para mim a curiosidade de poder utilizar DSP com o protocolo UPNP, que uso diariamente - aproximando assim a experiência de servidores como o MinimServer e do Emby com a do Roon. No caso do MinimServer, uso um processo chamado transcoding, em que converto os meus ficheiros FLAC (16 bit ou 24 bit) para WAV a 32 bit - e o Rivo permite receber sinal WAV a 32 bit na entrada e na saída (apenas na USB), aplicando DSP com igualização ou atenuação digital pelo caminho (é possível também chegar a este caminho pelos Raspberry Pie DIY, mas a Volumio oferece um produto já pronto, para aqueles, como eu, que gostam destas experiências mas não querem construir o seu próprio streamer). Tal como já me aconteceu com outros produtos deste género, tenho dificuldade em classificar o som de transportes digitais, porque não me parece que devam ter um - devem apenas entregar o sinal digital, com o mínimo de ruído e jitter possível, a um DAC externo, e isso o Rivo fez sem quaisquer problemas, segundo o que os meus ouvidos conseguiram apurar, tanto pela saída USB como pela saída coaxial. O Rivo é então um produto raro, que consegue entregar um sinal USB de alta resolução com DSP, com excelente qualidade de som e que deve ser considerado com muita atenção pelos utilizadores mais técnicos e conhecedores.

Foto 10 teste Rksan_MA50_Rivo_REL

6) Tal como fiz um ressalva no Caspian, faço também uma no Rivo - o software da Volumio tem falhas ocasionais, e requer alguma aprendizagem e conhecimento por parte do utilizador (como no meu caso, que queria aplicar DSP a um protocolo UPNP, que funciona a WAV 32 Bit, o que finalmente consegui!). Quero dizer com isto que, para utilizadores com pouca ou nenhuma experiência neste mundo digital, haverá produtos bem mais simples para se iniciar (inclusive dentro da gama da Volumio), e que mais tarde, com mais experiência neste mundo, poderá converter-se a este Rivo ao mundo de possibilidades que ele contempla. Mas para aqueles que já estão dentro do áudio digital, que têm servidores UPNP a funcionar num NAS, e queiram usar DSP sem tirar um curso de programação, o Rivo é uma das melhores soluções existentes no mercado e justifica a sua (ligeira) curva de aprendizagem.

Fica assim então um concluído um teste a quatro produtos em simultâneo (estreia mundial?) e que espero que tenha sido esclarecedor. No sistema certo, qualquer um destes produtos proporcionará muitas e boas horas de melomania.



Preços e contactos


Roksan Caspian Streaming 4G     3499 €
Monitor Audio GOLD 50 6G         1999 € 
REL T9/x RED                                 1859 €
Contacto geral para estes três equipamentos Delaudio

Volumio Rivo                                   989 €
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