A simplicidade traz sempre os seus frutos
Continuando na senda de análises a streamers acessíveis, desta vez chegou-me às mãos o PULSEmini, da marca luso-britânica Innuos. Conhecida principalmente pelos seus servidores (gama Zen), a Innuos lançou recentemente uma gama de streamers (Pulse) com três modelos - PULSEmini, PULSE e PULSAR (equivalentes, num certo sentido, ao ZENmini, ZEN e ZENith). Este PULSEmini segue muitas das características do ZENmini - saída analógica RCA e saídas digitais óptica, coaxial e USB; a principal diferença entre ambos é que o ZENmini tem um disco interno e um ripper de CD (e está num patamar de preço mais elevado). Ambos permitem, através da aplicação Sense, aceder a serviços como Tidal, Qobuz, High-Res Audio, Deezer ou Internet Radio (com o excelente Radio Paradise, disponível em FLAC, assim como muitas outras estações). E ainda possível ouvir ficheiros através de uma entrada USB (para uma pen drive ou disco externo) ou usar um protocolo de streaming chamado Endpoint Mode que permite receber ficheiros de um servidor INNUOS/LMS (Logitech Media Server), do HQ Player (NAA) ou do Roon (Roon Endpoint, não Roon Ready, mas funciona sem quaisquer falhas na minha experiência.)
A primeira impressão ao contactar com o PULSEmini foi o excelente design - minimalista, em preto, muito simples e moderno, não vai originar conflitos domésticos de certeza. Tal como o ZENmini, o PULSEmini inclui uma possibilidade de fazer um upgrade para uma fonte de alimentação linear, mas vem com um bom alimentador externo (switch mode power supply), igual ao dos portáteis, que dá excelente conta do recado. Após ligar o Innuos, percebi que a marca tem vindo a seguir uma estratégia diametralmente oposta à do resto do mercado - apostando quase exclusivamente no seu ecossistema, em detrimento da aposta em protocolos externos. Não temos Chromecast Audio, Airplay, Tidal Connect, Bluetooth, saída de auscultadores nem nada do género… Servidores (Jellyfin, MimimServer, Embi, Plex, etc) também não. UPNP/DLNA temos apenas como emissor (podemos enviar música através da Sense App para um receptor, mas infelizmente o protocolo gapless não está activado), mas não como receptor (não é possível enviar música de um computador ou telefone para o PULSEmini). Não é caso único mas é sem dúvida incomum - muitas marcas têm até apostado recentemente em streamers sem App e apenas com protocolos externos. (nota: descobri entretanto que e possível activar alguns protocolos como Spotify Connect, Airplay ou Chromecast através das definições do Logitech Media Server, no qual se baseia o sistema operativo da Innuos, mas o processo exige algum à vontade com computadores…) Sendo assim, o teste foi todo feito com base na aplicação Sense - que funciona muito bem e mesmo muito acima da média, mas não está isenta de algumas (muito) pequenas imperfeições. As Apps para Android e Windows são praticamente iguais com uma excepção - o menu Now Playing (para mim o mais importante em qualquer App destas) é substancialmente melhor no modo Windows, com uma capa grande (embora no sistema Android, em modo landscape, já seja bastante razoável).
Refira-se também que o DAC presente no PULSEmini, creio que o mesmo que no ZENmini, na minha opinião faz um bom trabalho mas há um salto qualitativo evidente quando se usa um bom DAC externo (parece-me que a Innuos coloca o DAC mais como uma cortesia, o seu principal foco tem sido sempre nos transportadores digitais, tanto assim e que os modelos mais caros nem sequer incluem DAC). Tendo em conta estas características. a quem se pode dirigir um produto destes? Principalmente a audiófilos que já tenham um bom DAC (isolado ou incluído num amplificador integrado) e que não queiram aprender o (muito) confuso mundo do áudio digital. Produtos como o PULSEmini (ou o ZENmini) permitem aceder a todo este mundo, com uma curva de aprendizagem muito pequena, e com uma boa interface. Com fotografias de artistas em muito bom tamanho (e possíveis de editar para os casos em que a base de dados tenha atribuído uma fotografia errada ou de pouca qualidade ou mesmo nenhuma, como acontece com artistas mais obscuros) e uma pequena biografia dos mesmos, e também uma excelente integração entre o mundo do streaming e uma biblioteca local (NAS) - a Sense App revelou-se não só muito simples de usar mas também muito completa, e isso pode ser atractivo para muita gente.