Andrew Jones did it again!
Audições
As audições decorreram nas instalações da Ultimate Audio Elite, com as colunas integradas num sistema composto por electrónica da Accuphase, nomeadamente o leitor de CD DP-450 e o amplificador integrado E-380. A cablagem era da Crystal Cable e as colunas foram ouvidas nos respectivos suportes.
Para a minha avaliação foram escutadas as seguintes obras:
• E. Grieg, Peer Gynt, Coro e orquestra sinfónica Gotemburgo, Neeme Yarvi, DG
• S. Rachmaninov, Danças Sinfónicas, Op. 45, Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão, Vladimir Ashkenazy, Decca
• L. V. Beethoven, Conc. nº 2 para piano e orquestra em Si bemol maior, Op. 19, Maria João Pires, Orquestra Sinfónica de Londres, Bernard Haitink, LSO
• Dulce Pontes, Lágrimas, Movieplay Portuguesa
• Dire Straits, Love Over Gold, Vertigo
• Patricia Barber, Café Blue, Premonition Records
• Alan Parsons project, Eye in the Sky, Arista Records
Considero que as primeiras impressões são sempre importantes já que podem condicionar a nossa percepção do que vem a seguir. No caso das SourcePoint 10 as primeiras impressões que registei no meu caderno de apontamentos destacam uma gama média de notável abertura e claridade, capaz de um trabalho excelente com todos os tipos de vozes.
Iniciei as audições com a escuta de um cd com excertos da música de cena Peer Gynt de Grieg, uma obra de grande vulto, escrita para grande orquestra, cantores solistas e coro sinfónico, sendo uma peça repleta de ritmos complexos, gradações dinâmicas imensas e de uma riqueza de timbres absolutamente notável quer pela variedade quer pela originalidade da escrita de Grieg. Uma das características que me prendeu a atenção tem a ver como a forma como as MoFi conseguiram preservar as relações dinâmicas, sugerindo uma notável verosimilhança com a música que se escuta na sala de concertos. Pela naturalidade, é certo, mas também pela desenvoltura do palco sonoro gerado, que me sugeriram de um modo muito convincente a presença daqueles músicos na própria sala de audições.
Rápidas e precisas, com uma excelente focagem e um óptimo nível de detalhe as SourcePoint 10 são capazes de uma desenvoltura e sentido de escala que desafia as suas próprias dimensões de caixa. No que se refere aos registos graves, o meu primeiro pensamento foi “rápidas e ágeis, embora algo tímidas e com uma extensão limitada. Aqui enganei-me redondamente. Após algum tempo de escuta percebe-se que a aparente falta de extensão mais não é do que a agilidade e exemplar articulação dos sons graves, que não exibe quaisquer vestígios de arrastamento ou falso empolamento. Ouça-se a bateria dos Dire Straits em Private Investigations ou o pedal da bateria no tema Nardis do álbum Café Blue da Patrícia Barber e percebe-se como as colunas vão de facto pelo menos até aos 42 Hz declarados, de um modo totalmente limpo, tonalmente lúcido e com uma incrível velocidade de resposta.
A gama média é muito limpa e subjectivamente isenta de distorção, timbricamente clara e muito envolvente, proporcionando um som coeso, controlado e informativo, em que as imagens sonoras são apresentadas com uma solidez incrível, num palco sonoro pleno de vida, expansivo, volumétrico e táctil, capaz de apresentar os elementos que constituem o acontecimento musical de uma forma transparente, focada e com notável ausência de esforço.
No 2º concerto para piano e orquestra de Beethoven, o piano surgiu com uma presença destacada e perfeitamente distinta da orquestra em termos espaciais, evidenciando um óptimo sentido de escala, tanto nos momentos mais intimistas do concerto como naqueles em que toda a orquestra toca a plenos pulmões, sendo que as SourcePoint 10 nunca se mostraram incomodadas quando chamadas a reproduzir efectivos orquestrais de grande dimensão, revelando a mesma competência com Beethoven ou com as complexidades electrónicas da música de Vangelis.
O tweeter cumpre na perfeição a sua função, integrando-se com a gama média de uma forma líquida, sem quaisquer fronteiras perceptíveis. O registo agudo comunga da limpidez da gama média, produzindo agudos extremamente suaves, claros no tom e de grande capacidade resolutiva. As características da directividade das SourcePoint 10 resultam numa curiosa característica que é o facto de as colunas soarem de forma quase igual mesmo quando não nos encontramos no ponto de escuta ideal. Uma ligeira alteração na tonalidade do agudo e é tudo, a imagem continua focada, o palco continua tridimensional e a focagem da imagem estéreo praticamente não sofre alteração. Umas colunas ideais para partilhar audições.
Conclusão
As SourcePoint 10 (e também as SourcePoint 8) são a mais recente proposta de um projectista que não sabe fazer mal. Por um preço a rondar os 5 000 € são umas colunas muito difíceis de igualar e ainda mais de bater. Ainda que o design vintage de caixote quadradão possa não agradar a todos, a performance sonora que se obtém é de primeiríssima linha, numas colunas fáceis de conduzir e de instalar em qualquer sala de estar. Andrew Jones did it again!.
Especificações técnicas
Tipo de Caixa2 Vias, bass-reflex
AltifalanteUnidade concêntrica com 10 polegadas, tweeter de
cúpula macia com 1,25 polegadas
Resposta em frequência42 Hz-30 kHz
Impedância nominal8 Ohm, 6,2 Ohm mínimo
Sensibilidade91dB/W/m
Frequência de corte1,6 kHz
Potência mínima recomendada30 W
Potência máxima admissível200 W
Dimensões368x572x422 mm (LxAxC) com grelha
Peso21 kg
Preço Colunas 4 999 €
Suportes 599 €
Representante Ultimate Audio Elite