Prévio de gira-discos EMT 128

Jorge Gonçalves

5 junho 2023

O par perfeito para a dança em tom de vinilo

Vou-me dedicar desta vez a analisar a performance de um prévio de gira-discos proveniente de uma marca que seguramente trará memórias bem agradáveis a todos os que começaram as suas andanças no mundo da alta-fidelidade nos finais do século passado. De facto, a EMT é uma das marcas com mais pergaminhos no que se refere á reprodução de discos de vinilo, produzindo durante anos e anos gira-discos e cabeças, predominantemente destinados a uso profissional, embora não só. Aqui há uns anos as marcas EMT e a Thales reuniram-se sobre um mesmo chapéu e foi assim mais que natural que eu aproveitasse o facto de ainda ter comigo o gira-discos Thales TTT-Slim II com braço Simplicity II e cabeça X-quisite CA para os juntar nesta análise.


Descrição técnica


Pena que Micha (diminutivo de Michael) Huber não tenha querido, e creio que terá sido a primeira vez que tal me aconteceu na minha vida de crítico, responder às minhas questões que incidam sobre as topologias utilizadas nos circuitos electrónicos do EMT 128 e ainda sobre uma questão levantada em tempos pela Stereophile relativamente à eventual reduzida margem de sobrecarga da unidade phono e que nunca vi respondida pela EMT. Gosto sempre de transmitir aos meus leitores uma ideia o mais correcta possível do que está por detrás do painel frontal de um equipamento mas desta vez não foi possível, o que lamento.

De qualquer modo, as minhas «investigações nas entranhas do EMT128 permitiram-me concluir que o lado direito da caixa alberga a fonte de alimentação - é mesmo o caso, pois o transformador está inserido num recesso aberto no bloco de alumínio da caixa, o mesmo acontecendo com o circuito impresso que contém os componentes responsáveis pela estabilização das várias tensões de alimentação, incluindo a de filamentos. A tensão de placa das válvulas 5784WA é de 180 V.

Ali ao lado, separado novamente por uma parede do bloco de alumínio, temos o circuito impresso contendo os andares de amplificação activa, três válvulas 5784WA por canal. Estas válvulas são do formato subminiatura e foram desenvolvidas pela Raytheon já quase no final do tempo de vida útil das válvulas de vazio (final dos anos cinquenta, início dos anos sessenta) especificamente para serem utilizadas em circuitos de amplificação de radiofrequência na banda de frequências VHF, o que significa que têm capacidades interoperarias extremamente reduzidas. Embora, como já disse, não tenha recebido grandes explicações por parte da EMT, deduzo que estejam a funcionar como pêntodos, pois é assim possível obter ganhos mais elevados do que na configuração tríodo, algo essencial num circuito préamplificador de gira-discos em que o ganho máximo está acima de 1000. Novamente por observação da placa de circuito impresso, pareceu-me que a igualização RIAA é do tipo passivo. Na entrada e na saída temos transformadores da Lundahl, no primeiro caso para fornecer um ganho extra, no outro para possibilitarem a utilização de saídas balanceadas, já que o balanceamento electrónico tornaria o circuito bem mais complexo. O cuidado posto na construção é extremo, com pormenores de requinte tais como amortecedores de material sintético para evitar a transição de vibrações às válvulas, bem como o controlo das comutações ter lugar através de relés de contactos dourados, ao mesmo tempo que são utilizados condensadores Mundorf e Epcos na filtragem da alimentação, bem como condensadores de polipropileno de 1% de tolerância na malha de correcção RIAA. Os controlos frontais incluem o indispensável interruptor de alimentação, a selecção do modo estéreo ou mono, algo muito importante enquanto se faz a calibração da cabeça do gira-discos, bem como o corte do sinal de saída, mais uma vez muito útil quando se ligam e desligam cabos de interconexão. Nas traseiras temos aquilo que é essencial: duas fichas RCA e um terminal de massa para a ligação da cabeça, e duas fichas XLR para as saídas balanceadas. Conforme já mencionei o chassis do EMT 128 é um verdadeiro mimo da construção mecânica, sendo maquinado a partir de uma bloco sólido de alumínio e indo ao requinte de integrar uma pequena mola que eleva a tampa da zona dos circuitos activos de amplificação porque a sua fixação é tão exacta que não existe nem meio milímetro de folga para se poder inserir seja que tipo de ferramenta for para a levantar quando se retiram os parafusos.

Em termos de especificações, outro aspecto sobre o qual eu gostaria de ter mais detalhes, a EMT é muito parca em detalhes, limitando-se a dizer que o prévio de gira-discos foi desenvolvido especificamente para trabalhar com as cabeças da EMT, embora alvitre que se podem utilizar outras desde que tenham uma impedância interna entre 12 e 30 ohm e um sinal de saída entre 0,3 e 0,5 mV, isto quando se utiliza um valor de ganho de 70 dB, ou entre 0,6 e 1 mV para o caso do ganho ser de 64 dB. Gostaria de saber, pelo menos, qual o valor da resistência de entrada / carga da cabeça mas tal não está indicado em lado nenhum. Se seguirmos a regra de ela ser pelo menos 10 vezes superior à impedância interna da cabeça, então posso tentar «adivinhar» que essa resistência se deve situar na zona dos 200 a 300 ohm, algo conseguido certamente através da combinação da impedância do secundário do transformador Lundahl com uma resistência colocada em paralelo com esse secundário. Na página de Internet http://www.kandkaudio.com/applications-guide/ é possível tirar conclusões relativamente ao valor da resistência a ligar no paralelo do transformador, embora os casos aí explanados não tenham grande validade para o caso dos transformadores utilizados no EMT 28, já que eles são fabricados especificamente para a EMT e têm referências próprias. Mas fiquemo-nos por aqui e passemos às…

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