The dark and warm sound of Audeze
Introdução
Fundada em 2008 na Califórnia, a Audeze é uma marca de auscultadores que desde o início da sua existência encontrou um forte acolhimento por parte de audiófilos e profissionais do som. Tendo começado como um projecto de dois amigos, Sankar Thiagasamudram e Alexander Rosson que apostaram na tecnologia de auscultadores planar magnéticos, como base para o desenvolvimento dos primeiros modelos LCD, a marca rapidamente ganhou estatuto e reconhecimento generalizados.
O modelo LCD-2c com que tive o prazer de conviver durante três semanas, é uma versão do clássico LCD-2, porventura o modelo que mais fez pelo sucesso da marca, mas cujas sucessivas actualizações o transformaram num produto muito diferente do modelo original quer no som quer no custo que foi também sendo actualizado.
Talvez por isso, a Audeze tenha julgado oportuno revisitar o modelo que tanto fez pelo sucesso da marca. Para tal, partiram das unidades planar magnéticas do modelo LCD-2 actual e retiraram os elementos que constituem o guia de onda de campo magnético Fazor, tecnologia que equipa toda a série LCD actual. A estrutura dos auscultadores é a mesma, abdicando apenas do anel de madeira em favor de um anel de plástico rígido, que sacrifica o design mas não põe em causa a evidente robustez da estrutura. Desta transformação resultou, segundo a Audeze, o alinhamento do som dos LCD-2c com o modelo LCD-2 original, facultando uma experiência musical calorosa e enérgica que remonta aos primeiros dias da Audeze sem sacrificar as melhorias de som ou desempenho que foram alcançadas na última década.
Os LCD-2c têm o aspecto e a construção que os identifica de imediato como uns auscultadores da família Audeze LCD. Em termos de peso os LCD-2c pertencem ao clube dos pesos-pesados, ostentando 544 g, muito embora seja da mais elementar justiça referir que esse peso não é causa de desconforto extra, até porque graças ao novo desenho da bandelete e ao modo como esta assenta na cabeça, o peso é uniformemente distribuído não fazendo pressão sobre nenhum ponto em particular.
Por outro lado, as conchas redondas e invulgarmente grandes, poderão tornar-se um obstáculo à utilização numa posição deitada ou mesmo num sofá com costas altas em que a cabeça repouse sobre uma almofada, já que existirá a tendência que estas sejam empurradas pelo rebordo da almofada. Senti por vezes que os auscultadores me iriam saltar da cabeça, mas na verdade isso nunca aconteceu. Os LCD-2c encaixam perfeitamente na cabeça e ao redor das orelhas e, mesmo não exercendo uma pressão excessiva, ficam bem seguros, permitindo mesmo um movimento da cabeça para baixo ou para trás sem se ter a sensação de que podem saltar da cabeça.
Os LCD-2c vêm equipados com um cabo entrançado de qualidade perceptível muito acima da média, que inclui fichas mini-XLR e um jack de 6.3mm. Com um comprimento de 1,9 m, está conforme o que hoje em dia é comum encontrar-se, mas que terá certamente uma lógica que eu não consigo perceber. Um cabo de 1,9 m é adequado a uma utilização em secretária, para estar em frente a um PC, mas manifestamente insuficiente para ligação ao sistema de som em que o ouvinte está tipicamente a pelo menos 3 metros do sistema, o que obriga a encontrar uma solução de extensão do cabo ou à compra posterior de um cabo com as fichas e o comprimento requeridos.
Os LCD-2c são bastante eficientes para uns auscultadores do tipo planar magnético. Com uma sensibilidade de 101 dB/1 mW, podem ser ligados directamente a um dispositivo portátil e obter-se som. De qualquer modo, é recomendável a utilização de um amplificador de auscultadores dedicado ou uma saída de qualidade de um prévio ou amplificador integrado. Quer a saída do meu Accuphase C-2150, quer o amplificador Graham Slee Novo foram capazes de realizar o potencial dos Audeze. Já a ligação directa a um PC Surface resultou numa sonoridade com falta de contraste dinâmico e algo desinteressante.