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Perlisten Audio S7t

Perlisten Audio S7t

João Zeferino

29 novembro 2022

Uma nova voz no segmento High-End


Audições


As Perlisten Audio S7t substituíram as minhas colunas residentes, tendo sido ligadas ao sistema residente, constituído por conjunto préamplificador / amplificador de potência Accuphase C-2150/P-7300, fonte digital Accuphase DP-450 e servidor / streamer Aurender ACS10, e como fonte analógica o gira-discos Project Xtension 10 Evolution com célula de leitura Hana ML e prévio de phono Elac PPA-2. A cablagem incluiu os cabos digitais Audioquest Carbon USB e Nordost Blue Heaven Coaxial. Na interligação analógica balanceada da amplificação esteve o Kimber Select KS-1121 e nas colunas os habituais Kimber Select KS-3033.


Listagem resumo das obras escutadas durante a avaliação, entre muitas outras:


• G. Mahler – Sinfonia nº 2, Coro festival Tanglewood, Orquestra Sinf. Boston, Seiji Ozawa, Philips (CD)
• Anton Bruckner - Sinfonia nº 8, Orquestra Filarmónica de Viena, Carlo Maria Giulini, DG (CD)
• Carl Orff - Carmina Burana, Coro e Orquestra filarmónica de Atlanta, Robert Shaw, Telarc (CD)
• J. Sibelius - Concerto para violino e orq. em Ré menor, Op.47, Viktoria Mullova, Orq. Sinfónica de Boston, Seiji Ozawa (CD)
• J. S. Bach - Fantasia & Fuga, BWV542, Filipe Veríssimo, Numérica (CD)
• L.V.Beethoven – Concerto p/piano e orquestra nº3, Maria João Pires, Orquestra da Rádio Sueca, Daniel Harding, Onyx (CD)
• Maria João / Aki Takase – Alice, Enja Records (CD)
• Friedmann Aquamarin Orquestra, Percussive Pyromania, Tag McLaren (CD)
• Eddy Louiss - Sang Mêlé, Nocturne (CD)
• Pink Floyd - The Wall, EMI (LP)
• Diana Krall - The girl in the other room, Tidal
• Patricia Barber - Café Blue, Tidal
• Joe Morello - Take Five, Tidal
• Scorpions - Gold Ballads, Harvest (LP)


As S7t não foram as primeiras Perlisten que tive o prazer de escutar. No estúdio da Ultimate Audio Elite já havia escutado as S5m, umas colunas de colocação em suporte que comungam com as S7t a mesma concepção de fabrico, nomeadamente a utilização da unidade conjunta DPC, embora com menos dois woofers e uma caixa obviamente mais pequena. Contudo, foi nessa audição que a minha atenção foi despertada para a forma como as Perlisten reproduzem vozes, solistas, mas principalmente o grandioso final da sinfonia Ressureição de Mahler, de modo que não descansei enquanto não pude experimentar o modelo de topo S7t na minha sala e com o meu sistema, o que teve como resultado, como os leitores da Audio & Cinema em Casa bem sabem, que as S7t entraram, mas já não saíram.

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A sonoridade das Perlisten é diferente do habitual, um som que primeiro tem de ser compreendido para depois devidamente apreciado. No meu caso, foi a extraordinária reprodução de vozes, a dinâmica e o vigor de um coro sinfónico cantando Mahler em plenos pulmões, que me chamou mais a atenção. Um som que foi muito fácil de integrar na minha pequena sala e que pareceu pairar no ar à minha frente indiferente às limitações físicas das paredes laterais da sala a uma distância de apenas 40 cm das colunas. O som apresenta-se sempre com um recorte detalhado em toda a gama de frequências, da primeira à última oitava, com graves profundos e agudos extensos, ora suaves e arredondados com as cordas, ora extensos e quase agressivos com os naipes de metal, conforme as exigências dos instrumentos em execução. Por comparação com as B&W 802D3, as Perlisten são umas colunas mais orientadas para a contemplação e deleite musical do que para dissecar o mais ínfimo detalhe no conteúdo das gravações, isto sem nunca deixarem de ser exemplarmente dinâmicas, rápidas a responder às mais ínfimas solicitações e transparentes sem serem brilhantes.

O desempenho das Perlisten nos registos agudos, uma faceta à qual sou particularmente sensível, desarmou-me por completo, graças à sua pureza e discrição. Por vezes parece que os tweeters nem lá estão, tal é discrição e a subtileza da sua apresentação, contudo, a resolução nas altas frequências e o equilíbrio com os registos médios foram apresentados de forma soberba, com uma fidelidade e uma destrinça tímbrica ao nível do melhor que tenho ouvido; certamente não ao preço a que as S7t são propostas.

No que se refere à resposta ao nível dos registos graves, importa esclarecer que as colunas foram ouvidas em modo bass-reflex, ou seja com os pórticos abertos, sendo que uma sonoridade um pouco mais rápida, mais recortada, ainda que com um grave menos extenso e, eventualmente, uma gama média menos encorpada, pode ser obtida com os pórticos fechados. Será uma questão de gosto e da forma como as colunas interagirem com a acústica da sala.

No modo bass-reflex as S7t brindaram-me com graves bem tensos e excelentemente recortados, independentemente do conteúdo musical ser de carácter acústico (sinfónico) ou com sonoridades mais electrónicas, nunca senti falta nem de extensão nem de impacto, sendo de realçar o notável equilíbrio entre as diferentes zonas do espectro, que contribuem no seu todo para uma reprodução do evento musical de uma forma completa, informativa, e sempre recompensadora para o ouvinte.

Não sei se a certificação THX Dominus tem alguma palavra a dizer, mas as S7t revelaram-se como das colunas mais fáceis de lidar com potências elevadas que passaram cá por casa, ao não demonstrarem em situação alguma, qualquer tipo de esforço ou distorção que convide a baixar o volume. Pelo contrário, gostam de tocar alto e fazem-no com uma desenvoltura dinâmica desarmante, com facilidade e sem revelarem quaisquer indícios de esforço.

A apresentação espacial das Perlisten é função da sua personalidade tonal. O palco sonoro surgiu sempre largo, com uma estabilidade e um detalhe notáveis nos planos laterais, do que resulta uma colocação de vozes firme ao longo do palco, onde é muito fácil identificar quem canta o quê e que posição relativa ocupa no palco.

E se em termos laterais o palco das S7t é exemplar, em termos de profundidade não se fica atrás. Sem desaparecerem completamente, um truque muito difícil de executar com umas colunas deste tamanho numa sala pequena, não deixaram de exibir nunca uma profundidade de palco impressionante, totalmente solto e liberto dos limites físicos das colunas, com uma apresentação ligeiramente recuada, permitindo visualizar de um modo absolutamente nítido e quase palpável os intervenientes do processo musical em curso que se desenrola perante os nossos ouvidos com uma sensação física de presença que nunca parou de me surpreender.


Conclusão


A série S e as S7t em particular, ofereceram-me um som de uma liquidez ao nível do melhor que ouvi até hoje. Não há qualquer sensação de descontinuidades, o som evolui desde um registo grave profundo, cheio, envolvente, mas sempre informativo e detalhado até ao registo agudo perfeitamente limpo, extenso, mas totalmente despido de efeitos artificiais ao ponto de poder parecer algo tímido ou até escuro na sua apresentação, passando por uma gama média fabulosamente líquida, fluida, cheia e muito envolvente, que confere corpo, sem retirar detalhe nem clareza de apresentação.

A Perlisten Audio tem na série R uma alternativa mais acessível à série S, com modelos semelhantes, a mesma estrutura de caixa e a mesma unidade DPC, embora faça uso de altifalantes fabricados com materiais menos sofisticados. Possivelmente oferecerão 80% da performance por 50% do preço o que é uma opção irresistível para quem procura o High-End on a budget.

A série S está no segmento High-End por direito próprio a um preço que, não sendo exactamente uma pechincha pelos padrões portugueses, está muito longe dos valores tantas vezes praticados no segmento áudio de topo. Apesar de custarem 18 000€, as S7t valem todos os tostões que custam e merecem o epíteto de “Extraordinária relação qualidade/preço”. Tenho dito.



Colunas Perlisten Audio S7t

Preço: 18 000 €
Representante: Ultimate Audio Elite

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