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Marantz 40n

Marantz 40n

João Zeferino

27 junho 2022

Uma solução audiófila tudo-em-um para os tempos modernos


Audições


Na fonte esteve um transporte de CD’s C.E.C. TL-5 que foi ligado ao Marantz via cabo digital Nordost Blue Heaven. As colunas foram as B&W 802D3 com cablagem Kimber. Devo salientar que o Marantz começou por me surpreender ao não deixar transparecer qualquer esforço na condução das B&W 802D32, umas colunas de um escalão de preços muito acima do seu e que ninguém, no seu perfeito juízo, considera como par para um amplificador como o Marantz 40n. Obviamente que o potencial das B&W não foi realizado na sua plenitude, mas o facto de o Marantz ter conseguido pô-las a tocar com os mais diversos estilos musicais sem indiciar sintomas de esforço merece só por si uma menção especial.

Comecei as audições com uma notável interpretação da 8ª Sinfonia de Bruckner, uma gravação da BBC ao vivo com a Orquestra Filarmónica de Londres e Klaus Tennstedt na direcção. A orquestra demonstrou sempre um som de grande extensão e onde a suavidade de apresentação foi sempre a nota dominante. Os timbres surgiram bem identificados e o nível de detalhe que foi possível perceber foi suficiente para nos fornecer toda a informação necessária a uma completa percepção das intrincâncias da monumental obra sinfónica de Bruckner.

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O palco sonoro apresenta-se com dimensões adequadas, sendo de destacar principalmente a resolução em largura e altura, mais do que em profundidade, onde por vezes seria desejável um pouco mais de clarividência nos planos mais recuados, mas talvez esteja a exigir demais de um amplificador que estava a puxar por umas colunas muito acima do seu escalão de preços. Na verdade o Marantz nunca deixou de contribuir para a clara percepção da envergadura de uma orquestra sinfónica, permitindo que os diversos naipes exibissem a sua individualidade sem prejuízo do todo.

Passando a um género completamente diferente, o álbum Companion da Patricia Barber (através do Tidal), nomeadamente nos temas Touch Of Trash e Black Magic Woman, onde a voz da intérprete pode resvalar para o estridente, dada a colocação muito próxima do microfone, numa abordagem que contribui também para a vertente interpretativa da Patricia Barber mas que pode, em sistemas com menor controlo, denotar um excesso de estridência, soar exageradamente sibilante e mesmo agressivo, mas que o Marantz foi capaz de manter sob controlo, nunca deixando os tweeters das B&W entrarem em excessos incomodativos.

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A gama média revelou-se sempre bastante transparente e rica em cambiantes tonais, facultando uma reprodução de vozes de grande qualidade, e dotando voz da Patrícia Barber nos temas atrás indicados de uma credibilidade e presença assinaláveis, enquanto uma obra essencialmente religiosa e escrita para vozes como a Cantata BWV 4, de Bach – Netherland Bach Collegium, Pieter Jan Leusink, da Brilliant Classics, permitiu a correcta percepção dos diversos naipes do coro e a postura deste relativamente ao efectivo instrumental que o acompanha, sem atropelos e com um óptimo controlo de todo o processo de reprodução musical, num claro convite ao envolvimento do ouvinte e ao usufruto pleno da obra musical.

Com o tema Slippin Away II, de James Newton Howard & Friends (Sheffileld Lab - streaming Tidal), a entrada da bateria surgiu poderosa, com verdadeiro sentido de escala, uma escala que cresce com a entrada em cena dos sintetizadores, num claro desafio à estabilidade do amplificador e da sua capacidade para controlar umas colunas do calibre das B&W 802D3 e que o Marantz cumpriu com brio.

O registo agudo revelou-se sempre muito limpo e de extensão adequada, ligeiramente tímido na sua apresentação global, mas sempre informativo e transparente, facultando uma reprodução das cordas, nomeadamente os naipes dos violinos nas orquestras sinfónicas, de uma veracidade notável pelo modo como revela o timbre característico do instrumento e como sabe evitar a agressividade que tantas vezes surge sempre que se puxa pelo volume.

Na zona oposta do espectro, os baixos apresentaram-se sempre bem controlados e com uma agradável sensação de presença, embora por vezes se fizesse sentir falta de um pouco mais de tensão. Com toda a certeza, em ligação a umas colunas mais fáceis de conduzir e mais de acordo com o escalão do Marantz essa não será sequer uma questão.


Conclusão


Ao incluir no mesmo equipamento um amplificador e toda a electrónica necessária ao streaming de música, o Marantz 40n será principalmente apelativo para as gerações mais novas de audiófilos que fazem da internet a sua principal fonte de conteúdos musicais. Com um 40n, basta juntar um par de colunas à altura da qualidade do Marantz e ficam servidos de um belíssimo sistema de som.

Em termos sonoros, o Marantz 40n herda a sonoridade universal e agradável a que a marca nos tem habituado ao longo dos anos. Não é um equipamento totalmente neutro, antes possui uma personalidade sónica muito própria que imprime à reprodução sonora e que contribui para um resultado final onde pontua uma sonoridade sedosa, de assinalável liquidez, dinamicamente correcta mas não explosiva e onde a naturalidade da apresentação é uma constante, um som que agradará certamente à maior parte dos que o ouvirem e garante uma muito fácil e merecida recomendação.


Amplificador integrado Marantz 40n



Preço: 2499 €
Representante: B&W Group Spain
Web: Marantz Portugal

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