Dois «separados» que fazem um belo conjunto
Audições
Começo por destacar, noblesse oblige, que este conjunto da Teac foi das coisas mais fáceis de colocar a tocar em minha casa. Se um amplificador de potência não tem muitos segredos, basta ligas entradas e saídas e «pôr ao fumeiro» como se dizia dantes (com este mundo urbano não sei quantos dos que me lêem sabem ao que me refiro mas talvez o Google dê uma ajudinha). Já um prévio com as capacidades do UD-701N, nomeadamente em termos de ligação pode levar horas a configurar. Pois nada disso, foi colocar os dois equipamentos no sistema, ligar o AP-701N às Quad ELS-63Pro ao UD-701N ao Roon Nucleus+ e começou logo a jorrar música, muito agradável, diga-se desde já. Simples como em nenhuma outra vez, creio eu. Começamos então com 10 pontos, o que traz seguramente muitos bons augúrios. Antes de falar sobre as audições em si, deixo igualmente aqui a indicação de que os cabos de ligação no domínio analógico eram quase integralmente da linha Kimber Select, com excepção do cabo USB que ligava ao Roon Nucleus+ que era um AudioQuest Carbon. Entre o prévio e o amplificador de potência optei pela ligação balanceada, isto embora o cabo de ligação tivesse um comprimento bem curto – mas tive em conta que quer um quer outro dos equipamentos têm uma estrutura interna totalmente balanceada, por isso faria sentido continuar essa topologia na ligação externa. Do mesmo modo, achei que, em face do contexto, teria sentido analisar os dois equipamentos como sendo uma proposta conjunta, embora tenha tido a curiosidade de combinar o UD-701N com o Prima Luna Evo 300 Hybrid, como mencionei quando do teste deste, e com excelentes resultados.
Mas vamos então às audições do conjunto da Teac. Como se diz, a curiosidade matou o gato, mas eu não me ralei muito com isso e fui ouvir um ficheiro que tinha descarregado pela primeira vez alguns dias antes de receber em casa os dois equipamentos em causa, um original de Yuri Korzunov, Through Slow Motion, no formato DSF. É uma melodia muito simples mas agradável e envolvente e que me foi apresentada com um ritmo e uma batida perfeitos, para além de uma grande agradabilidade em termos tímbricos, signifique isso o que signifique em relação a sons gerados em computador. Vai daí segui para uma melodia mais convencional, Trace of Grace, uma versão com instrumentos modernos de uma peça de Monteverdi e desta vez em PCM, com resolução de 24 bit/384 kHz. O saxofone de Gavino Murgia soou pura e simplesmente sublime, pleno de envolvência e beleza, ou «graça», como diz o título da obra, e fazendo uma combinação perfeita com a serpente de Michel Godard, um instrumento de sopro que a Wikipedia descreve como um antepassado da tuba, embora atinja frequências mais altas dentro da gama média, de tal modo que, embora seja fabricado de madeira (normalmente mogno), haja quem o classifique na categoria dos instrumentos de metal. Esta faixa está disponível para descarga gratuita na Internet e aconselho a todos os que gostam de música que a ouçam num bom sistema. Seguramente farão como eu, que a ouvi por várias vezes com o conjunto da Teac e em cada uma delas consegui descobrir novas e agradáveis nuances. Afinal, não reside na descoberta e redescoberta muito do prazer de ouvir música?
E o entusiasmo pelos dois Teac continuou com a audição da Segunda Sinfonia, de Rachmaninoff, interpretada pela orquestra sinfónica galesa da BBC, dirigida por Tadaaki Osaka. Este é um maestro de que gosto muito e fiquei extremamente bem impressionado com o modo como o conjunto em apreço quase que me personificou o modo grácil mas convicto com que Osaka inspira os músicos com os movimentos da batuta levando-os a arroubos entusiásticos em termos dinâmicos, embora sem nunca perder o compasso correcto. O clímax musical, pelo menos para mim, ocorre no tema do clarinete do terceiro andamento, vivo, alegre e bem presente, e o qual conduz a uma repetição do mesmo tema quase em surdina pelo naipe das cordas, uma combinação de beleza quase arrebatadora.
Escrever para leitores da Internet implica alguma contenção em termos da extensão dos textos por isso, com alguma pena minha, porque teria seguramente mais coisas boas a dizer sobre esta parelha da Teac. Portanto vou ter que me ficar por mais algumas palavras, desta vez dirigidas à audição do disco The Luxury of Guessing, de David Binney, muito em especial da faixa Dream of Five Places, a qual começa com um bonito diálogo entre o piano e o baixo, continuando depois pelos instrumentos de sopro, quase murmurando, com o trombone a emitir pequenos apartes, e a bateria a marcar a sua posição de um modo quase sem se dar por ela. Manter o delicado equilíbrio dos diversos intérpretes não é uma tarefa fácil mas o UD-701N e o AP-701 conseguiram-no de uma maneira extremamente convincente. E acompanharam de um amaneira marcante a verdadeira erupção dinâmica que se segue a este intróito, avassaladora em termos energéticos e que colocou as QUAD quase em sentido. Impressionante, é o mínimo que posso dizer.
Conclusão
O prazer de ouvir boa música não tem preço, mas é claro que cada um de nós define sempre o que é razoável pagar para lá chegar. Pois temos aqui um par de equipamentos que tocam de maneira maravilhosa em conjunto e ajudarão a constituir um primeiro sistema de estalo para quem ache que é tempo de ter um excelente sistema sem pagar dezenas de milhares de euros. Pode ainda ser o upgrade perfeito para um primeiro sistema mais modesto. Seja qual for a motivação, quem comprar estes dois Teac não se vai arrepender e, para além do mais, a sua qualidade de construção promete muitos e bons anos de convivência. Que mais se pode querer?
Prévio/Streamer/DAC Teac UD-701N e amplificador de potência Teac AP-701
Preços:
UD-701 N 3699 €
AP-701 3199 €
Distribuidor Ajasom
Telefone 21 474 87 09
Web Ajasom/Teac