Welcome to the dark side
Audições
As Magico A3 foram instaladas sensivelmente no mesmo local onde costumam estar as minhas colunas residentes, tendo ficado a cerca de 70 cm da parede posterior, 40 cm das paredes laterais e foram apontadas quase directamente à posição de audição, de tal modo que a partir do ponto de escuta não eram visíveis as faces laterais. O ângulo de inclinação provoca uma sensível alteração no equilíbrio tonal das colunas, apresentando um registo agudo mais vivo quando directamente apontadas ao local de escuta e mais discreto à medida que se abre o ângulo de escuta.
O sistema complementar foi o habitual, que compreende o amplificador Gryphon Diablo 300, leitor de CD’s C.E.C. TL-5, servidor/streamer Aurender ACS10 com conversor D/A Auralic Vega G2.1, o gira-discos Project Xtension 10 Evolution com célula de leitura Hana ML e prévio de phono Elac PPA-2. A cablagem incluiu os cabos digitais AudioQuest Carbon USB e Nordost Blue Heaven SPDIF, enquanto na interligação analógica estiveram os Kimber Select KS-1121 e nas colunas os Kimber Select KS-3033.
A sonoridade das Magico é bastante diferente do habitual e impressiona logo às primeiras audições. Uma das particularidades que mais se destaca é o registo grave inacreditável que elas são capazes de produzir e que parece impossível de ser gerado por umas caixas tão maneirinhas. Simultaneamente encorpado e envolvente, mas sempre muito bem articulado e notavelmente tenso, são características consentâneas com o design de caixa selada, mas sem a habitual timidez em termos de extensão ou impacto que por vezes as caixas seladas apresentam. Muito pelo contrário, o grave das A3 é tão extenso quanto o espectável de uma caixa destas dimensões; dando credibilidade às especificações técnicas que indicam uma resposta em frequência de 22 Hz a 50 kHz, a verdade é que o que se ouve é um grave potente, visceral, capaz de se fazer sentir fisicamente e que contribui para proporcionar à reprodução sonora uma escala imponente que não é nada habitual em colunas destas dimensões.
Esta excelente resposta no registo grave acaba por ter consequências ao nível da sensibilidade das colunas. O valor de 88 dB pareceu-me algo optimista, já que as A3 se mostraram bastante gulosas por potência, o que me obrigou a aumentar o volume no amplificador entre 2 e 3 dB, para obter a mesma pressão sonora que obtenho com as B&W 802D3, o que acaba por estar de acordo com o especificado.
A gama média caracteriza-se por uma neutralidade e ausência de quaisquer resquícios de agressividade o que, em conjunto com a capacidade para tocar a altos volumes de som sem quaisquer efeitos de compressão, favorece o desenvolvimento de um palco sonoro tridimensional e de impressionante escala, onde os diversos naipes de uma orquestra podem ser facilmente apontados. A transparência é um dos pontos fortes destas colunas, isto apesar do timbre ligeiramente escuro que se manifesta devido a um certo retraimento do registo agudo mais extremo, o qual se apresenta no mesmo plano e perfeitamente alinhado com os registos médios, dotando as colunas de uma sonoridade absolutamente coerente e sóbria, isenta de quaisquer excessos de exuberância.
O conjunto dos registos médios e agudo apresenta-se sempre neutro, logo muito revelador do que a electrónica e as gravações a montante lhes entregam, sempre com um requinte e uma ausência de efeitos agrestes que são apanágio das boas implementações de cúpulas de berílio, em que o detalhe e a resolução apresentados estão a um nível muito alto mas sem se exibirem de forma gratuita.
O registo agudo proporcionado pelo tweeter de berílio possui uma excelente extensão, ainda que o modo como está integrado de um modo quase perfeito com a unidade de médias frequências, acabe por soar como se de uma única unidade se tratasse, com uma muito invulgar coerência e uma textura extremamente cativante, que contribui para a sensação de uma notável coerência sonora do todo, desde os registos mais graves até ao extremo agudo do espectro de frequências.
Essa capacidade para revelar texturas e as subtilezas de uma gravação, aliado à forma dinâmica como respondem às exigências da música, acaba por tornar as audições de discos que nos são familiares como verdadeiras descobertas, é como se estivéssemos a ouvir novas gravações tal a riqueza sonora que se desvenda perante os nossos ouvidos. A audição do 1º acto de A Valquíria de Richard Wagner (Peter Hofmann - Matti Salminen - Jeannine Altmeyer, Orquestra do festival de Bayreuth, Pierre Boulez – Philips) foi um desses casos. Uma gravação que conheço há bastantes anos, mas que ouvi com um renovado prazer e genuíno envolvimento emocional como muito poucas vezes aconteceu nos últimos anos. E se dúvidas subsistissem bastou a audição da 9ª sinfonia de Mahler (Orquestra da Rádio de Frankfurt, Eliahu Inbal – Denon) para as dissipar. A forma dinâmica, belissimamente texturada e finamente detalhada como a orquestra se nos apresenta confirmou as primeiras impressões e deixou-me plenamente convencido do talento das Magico A3 para reproduzirem música em toda a acessão da palavra.
Conclusão
As A3 nasceram do objectivo de construir umas colunas merecedoras de ostentarem a insígnia Magico mas com um limite de preço de venda bem definido. Ainda que, entretanto, esse preço tenha naturalmente sofrido actualizações, as A3 continuam a apresentar-se como umas colunas excepcionais do ponto vista da relação qualidade / custo. A forte impressão que me deixaram não será esquecida tão cedo, tendo ficado plenamente convencido que numa futura actualização de colunas para o meu sistema de som as Magico terão obrigatoriamente um lugar cimeiro na lista de opções a considerar.
Preço: 16 900,00 €
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