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Teste do conjunto Marantz Model 30

Teste do conjunto Marantz Model 30

Jorge Gonçalves

13 dezembro 2021

Marantz Model 30 Amplific. e leitor SACD/CD – um par modelar


Vão para aí cerca de três anos que tive o prazer de ir a Amesterdão visitar o Concertgebow e assistir ao lançamento, por parte do meu grande amigo Ken Ishiwata dos Ruby, uma combinação de leitor de CD/SACD e amplificador integrado, fabricados numa edição limitada a 500 exemplares, comemorativa dos 40 anos de Ken na Marantz, e que rapidamente esgotou, como aconteceu com todos os produtos que tinham a assinatura do mestre.
Pois dois anos passados sobre esse lançamento, ou seja, em Agosto de 2020,  a Marantz tornou a causar admiração no mundo audiófilo com o anúncio dos Model 30, novamente uma combinação de leitor de discos prateados e amplificador integrado, com características muito próximas dos Ruby mas a um preço algo mais abordável. E aqui estou então eu a falar sobre estes aliciantes equipamentos .
Os Model 30 pertencem a uma nova gama de produtos da Marantz, denominada Modern Musical Luxury, e são o resultado não só de um cuidadoso refinamento, com o intuito de se chegar a um preço mais abordável, como de um apuramento em termos de desempenho musical sob a batuta de Yoshinori Ogata, o qual herdou muito dos conhecimentos do falecido Ken Ishiwata e ainda de Ryuichi Sawada.

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Além de reproduzir SACDS e CDs a um nível de qualidade muito elevado, o leitor digital de áudio SACD 30n também inclui múltiplas entradas digitais, incluindo uma ligação USB-B assíncrona para ligação a um equipamento externo de reprodução – USB-DAC. Os sinais PCM de entrada são processados através da tecnologia Marantz Musical Mastering (MMM-Stream), a qual conjuga um filtro digital de oversampling e um segundo andar de oversampling seguido de um modulador Delta Sigma, passando a ter uma resolução 4 × DSD, sendo depois aplicados, tais como os sinais DSD, a um conversor MMM, seguido de um módulo Marantz HDAM-SA2 com saída de baixa impedância. O oversampling tem lugar de um modo selectivo, dependendo da frequência de amostragem do sinal de entrada: os múltiplos de 44,1 kHz são convertidos para DSD/11,2896 MHz; os múltiplos de 48 kHz passam para DSD a 12,288 MHz. A tecnologia MMM é um exclusivo da Marantz.

O sólido transporte SACDM-3L foi desenvolvido pela própria Marantz, uma vez que hoje em dia é quase impossível encontrar transportes de qualidade, e lê todo o tipo de discos de áudio. Todas as entradas digitais estão isoladas galvanicamente para minimizar os ruídos provenientes da ligação de massa das fontes conectadas. O leitor inclui também um novo estágio de saída analógica com tecnologia Marantz HDAM-SA2 e saída de baixa impedância. Tendo a tecnologia HEOS incorporada, o SACD 30n pode fazer streaming de ficheiros FLAC com resoluções até 24 bit e frequências de amostragem desde 44,1 a 192 kHz provenientes dos serviços de streaming mais comuns, tais com Tidal, Amazon Music HD e outros. Para além disso, estão disponíveis diversas funções de controlo vocal, compatível com as tecnologias Amazon Alexa, Google Assistant e Apple Siri. Para além de tudo isto, o SACD 30n inclui ainda um conjunto de funções completas de préamplificação e ainda um amplificador dedicado para auscultadores com possibilidade de selecção de três níveis de impedância para se poder ajustar à esmagadora maioria dos auscultadores existentes no mercado.

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O amplificador integrado Model 30 Integrated apresenta um design totalmente analógico, com seis entradas analógicas, incluindo uma de phono MM/MC com uma excelente relação sinal/ruído, blindagem individual, e possibilidade de escolha de três valores de resistência da carga; um andar de pré-amplificação de alta resolução com tecnologia patenteada HDAM de nova geração, a que inclui transístores JFET na entrada; amplificador separado para auscultadores e um amplificador de potência de classe D, alimentado a partir de uma fonte de alimentação separada equipada com um transformador toroidal sobredimensionado, antecedido de duas bobinas de filtragem da tensão do sector, o qual debita 100 W por canal a 8 Ohm e 200 W a 4 Ohm, e cuja configuração é baseada na que foi empregue no amplificador PM-10. Além de entradas de linha, integra uma entrada directa para os andares de potência, a qual faz bypass aos circuitos internos de préamplificação.

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Os dois equipamentos ostentam um belo design, disponível nas cores champanhe preto e com um estampado no painel frontal muito agradável à vista. A construção interna é igualmente algo a que a Marantz dedicou muita atenção, estando os chassis dos dois equipamentos quase totalmente preenchidos com circuitos impressos de topologia mista: componentes SMD e convencionais. O controlo remoto é praticamente idêntico para o Model 30 Integrated e para o SACD 30n.

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Audições

Mal chegaram, os dois Model 30 foram ligados às minhas Quad ESL 63 Pro, com a saída do Roon Nucleus Plus ligada ao SACD 30n para fins de rodagem, isto embora já tivesse umas boas dezenas de horas de rodagem. Mais tarde utilizei, para além de discos CD e SACD da minha colecção, uma fonte analógica na forma do gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme.  Os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber.  Na alimentação de sector pontuava a régua Shunyata à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, com o amplificador integrado a ser alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. Como me parece mais que evidente, vou fazer uma análise conjunta dos dois Model 30, uma vez que eles são propostos como uma solução conjunta e também por que não vejo muitos consumidores a comprar só um deles. Mas também, se por acaso o fizerem, vão logo em seguida acorrer outra vez á loja para ir buscar o outro…
Aquilo a que se pode chamar «som Marantz» é algo que posso dizer que conheço muito bem, isto embora as dezenas de equipamentos Marantz que já ouvi tenham todos nuances de performance sonora algo diferentes, embora assentes numa base mais ou menos comum. Mas há algo que é insofismável e que se traduz naquilo que alguns designam por musicalidade e envolvência e que como que liberta um perfume no ar que nos faz estabelecer uma ligação emocional como a música. É como que olhar para um grande quadro como me aconteceu da primeira vez que vi os Girassóis de van Gogh ao vivo: primeiro ficamos como que absortos pela intensidade imagética imanente do conjunto, depois começamos a olhar para detalhes que não pareciam imediatamente ostensivos mas que estão lá, é só olhar, neste caso como os ouvidos, na direcção certa. E uma coisa que este conjunto da Marantz faz é revelar-nos todos esses pormenores, associados a uma quase absorvente recriação da tridimensionalidade do local da reprodução original, dispondo os instrumentos no palco em zonas de colocação de cada intérprete com pistas mais que suficientes para se reconstruir a informação espacial em termos de localização exacta, distância lateral em relação a outros músicos e profundidade global do conjunto. Destaco aqui a Sinfonia n.º 4, de Brahms, interpretada pela Orquestra Sinfónica da BCC dirigida por Andrew Davis onde o nível de reprodução do conjunto da Marantz destaca não só a colocação espacial dos músicos como apresenta os vocalistas de um modo que dá para ter uma ideia da sua estatura física bem como que nos oferece pistas resultantes da reverberação dos sons no soalho e nas paredes, pistas estas que nos aparecem separadas dos sons directos.

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Como fã indefectível do analógico que sou tinha que experimentar os Model 30 na modalidade de gira-discos e tudo foi facilitado pelo facto da entrada de phono do Integrated ter uma opção de resistência de carga que corresponde quase em absoluto á que utilizo no meu prévio de gira-discos para a Air Tight PC1 e ainda pelo facto da sensibilidade de entrada igualmente se adaptar ao nível de saída desta mesma cabeça. A peça de que mais gostei foi a velha conhecida Midnight Sugar do disco duplo The Famous Sound of three blind mice, volume 1. O diálogo inicial entre piano e contrabaixo soou qualquer coisa de notável, com as notas de piano a soarem limpas e soltas, frescas como uma nascente de água, e o contrabaixo a emitir compassadamente notas de acompanhamento que definem o compasso sem nunca interferirem nos momentos musicais do piano, tudo isto até chegarmos ao clímax final em que todos os três intérpretes se divertem e nos divertem com um gozo musical que faz jus ao bom jazz. O ruído de fundo era quase nulo e o comportamento conjunto dos dois componentes convidava não só a virar discos como a ouvir mais e mais. Para além das capacidades de streaming e de leitura de discos prateados, os Model 30 serão sopa no mel para quem gosta dos discos pretos. E tanto o foram que ficaram no meu sistema por bem mais de um mês, sempre com plena satisfação de quem teve oportunidade de os ouvir.

Conclusão

Este é um conjunto que pode (e deve) ser comprado para quem seja um apreciador indefectível da marca Marantz mas, mais que isso, irá proporcionar a quem o leve para casa não só a possibilidade de utilizar os serviços actuais de leitura de ficheiros digitais em streaming como disponibilizar um comportamento irrepreensível aos amantes do vinilo, ou seja, junta-se aqui a fome com a vontade de comer, algo que não acontece assim tantas vezes no mundo dos equipamentos de reprodução de música. Tenho a certeza de que o meu amigo Ken Ishiwata na foto acima, concordaria totalmente com estas palavras.

Marantz Model 30
Preços:
Amplificador Model 30 Integrated 3000 €
SACD 30n 3000 €
Representante: B&W Group Spain
Telef.: +351 963 912 666
Web                           B&W Group Spain                       

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