Um V de vitória – as Sabrina V são maneirinhas mas têm tudo o que encanta nas maiores.
As Wilson Audio Sabrina são o modelo mais recente da linha de colunas da Wilson Audio e, em comparação com as suas irmãs, relativamente pequenas. Basta ver, por exemplo, que as Alexandria XLF têm mais do dobro do tamanho e do peso, pelo que acredito que construir umas colunas que incorporem as mesmas qualidades das suas irmãs mais velhas foi mais um desafio para a nova equipa de pesquisa e desenvolvimento da Wilson Audio, chefiada por Daryl Wilson.
Voltando bastante atrás no tempo, cheguei à conclusão de que ouvi praticamente todas as colunas da Wilson lançadas desde as WATT/Puppy dos anos noventa, um número interessante delas no meu sistema – a primeira edição das Sabrina foi mesmo imagem de capa na edição 265 da Audio e Cinema em casa, Novembro/Dezembro de 2025, como o tempo passa! Recordo-me igualmente que quando Dave faleceu, e apesar de Daryl já estar no domínio de uma boa parte das fases de pesquisa e desenvolvimento, houve quem lançasse algumas dúvidas sobre o que iria acontecer no futuro e se se poderia perder algo do carisma que a marca tinha criado junto dos consumidores. Logo desde os primeiros modelos com a sua assinatura, Daryl mostrou que filho de peixe sabe nadar e espantou muitos desses «velhos do Restelo», neste caso mais do Utah, com produtos inovadores, de excelente performance a que elevavam o tal carisma da marca a níveis ainda mais elevados. Essa filosofia foi alargada a todos os modelos existentes no portfólio e chegou recentemente a vez das Sabrina serem prendadas com a sigla «V». Para tal, a Wilson adoptou um design totalmente novo, mas, ao mesmo tempo, utilizou todos os elementos que tornam as suas outras colunas excelentes, incorporando-os nas Sabrina.
Tive o privilégio de ter as V em minha casa durante um período razoável de tempo e é sobre essa convivência que vou em seguida discorrer um pouco.
Características técnicas
As Sabrina V que chegaram a minha casa pelas mãos do Miguel, da Imacustica, vinham já desembaladas mas pude saber que originalmente vêm acomodadas em duas caixas bem grandes, como seria de esperar, e são extremamente bem embaladas, com os altifalantes envoltos em espuma em cada caixa. Retiradas das caixas necessitam de algum esforço físico, quase obrigatoriamente aplicado por duas pessoas, já que pesam nada menos de 56 kg. Recebe-se também um pequeno kit de ferramentas juntamente com as caixas, para manutenção e instalação dos acessórios, bem como um guia com uma capa de couro muito bonita, que explica os cuidados a ter e também ajuda na instalação, já que dá pistas em relação a encontrar o melhor local na sala para as colunas e é também muito útil para perceber o que são as ressonâncias da sala e como minimizá-las. Mas claro que a Imacustica tomará conta de todas estas situações quando fizer a instalação das Sabrina V.
Apesar do «sobrenome V» as Sabrina V são pioneiras em termos de uma adição inovadora à biblioteca de materiais da Wilson Audio: o Material H. Desenvolvido como um composto de alta densidade com características orgânicas e fenólicas, este novo material, utilizado no painel frontal, estabelece um novo padrão na engenharia de desempenho. O Material H é semelhante ao Material X em termos de rigidez, mas ligeiramente mais macio e com uma construção diferente, o que o torna mais musical nos médios do que o modelo anterior, as Sabrina X, as quais utilizam o Material X no painel frontal.
Complementado pelo Material X em todos os restantes painéis e ainda em termos reforço estrutural, toda a caixa das novas Sabrina é favorecida por um aumento da rigidez mecânica. Estas escolhas de materiais melhoram o controlo da vibração, melhoram a imagem espacial e conseguem um patamar de ruído acústico impressionantemente baixo – características reconhecíveis da construção da Wilson Audio. Inspirado no conceito de «díodo acústico» da Wilson Audio, o Material V foi integrado na parte inferior da caixa das Sabrina V, onde se encaixam os díodos acústicos, com um percurso mecânico directo e optimizado para os spikes, e que foi desenvolvido usando a tecnologia V-MCD, exclusiva da Wilson.
No coração das Sabrina V temos uma sinfonia de tecnologias avançadas em construção de altifalantes, partilhadas com os principais produtos da Wilson Audio. O tweeter Convergent Synergy Carbon (CSC), originalmente desenvolvido para as Alexx V, oferece uma resposta incrivelmente natural nas frequências mais elevadas e está inserido numa câmara selada. Este tweeter com cúpula têxtil ligeiramente revestida combina perfeitamente com o altifalante de médios AlNiCo e com o woofer de 8 polegadas. O reverenciado driver de médios QuadraMag de AlNiCo (Alumínio-Níquel-Cobalto) de 7 polegadas, com cone de papel, foi originalmente desenvolvido para as Chronosonic XVX e posteriormente utilizado nas Alexx V, Alexia V, Sasha V e The WATT/Puppy. Esta unidade é conhecida pela sua excepcional capacidade de estabilizar e manter a linearidade, do que resulta uma maior profundidade e dimensionalidade, estando montada numa caixa com pórtico traseiro. O woofer é o mesmo que é utilizado nas Alexia, com ligeiras alterações para se adaptar às Sabrina V e a sua caixa tem novamente um pórtico traseiro.
A tradicional inclinação do painel frontal das Sabrina, permite que todos os altifalantes se integrem uniformemente, criando um conjunto organizado, perfeitamente concebido para que cada transitório de cada altifalante chegue ao seu ouvido exactamente ao mesmo tempo. Isto proporciona um resultado superior em termos de dinâmica e transparência, apoiado igualmente na utilização de um crossover de referência que é ajustado para cada altifalante a níveis de ±0,2%.
Os condensadores de secções múltiplas com a designação Rel-Cap que se encontram em todas as colunas da marca são fabricados pela Wilson Audio utilizando equipamento personalizado de última geração e são acabados manualmente. A alma das Sabrina V reside no seu crossover, o sistema crítico de componentes que informa cada driver exactamente sobre que frequências deve reproduzir, preservando a autenticidade do sinal. No coração deste crossover estão os condensadores AudioCap X-WA, com enrolamento exclusivo da Wilson Audio, fabricados internamente com tolerâncias extremamente rigorosas, numa versão em cobre recentemente concebida, uma variante introduzida pela primeira vez nas Sasha V, e que inclui um spray final de cobre. A integração de graves foi também melhorada com o desenvolvimento de um novo condensador de woofer, estruturalmente alinhado com os condensadores de médios exclusivos da Wilson Audio. Esta actualização cria uma transição coesa e tonalmente equilibrada de frequências baixas para médias – uma marca registada do perfil sonoro notavelmente exuberante e envolvente das Sabrina V. Segundo a Wilson, as placas de circuito impresso normalmente utilizadas para suportar os componentes do crossover, dão origem a alguma compressão sonora. Em face disso a marca dedicou tempo a desenvolver uma tecnologia que liga os diversos componentes (bobinas, condensadores, resistências, cabos de ligação, e assim por diante) através de ligações ponto a ponto.
O novo acesso às resistências no painel traseiro simplifica a manutenção e a afinação – uma mudança bem-vinda em relação à abordagem anterior das Sabrina. As resistências do tweeter e do altifalante de médios são fixadas com parafusos de aperto manual de alta qualidade, sem necessidade de ferramentas, o que torna as trocas rápidas e intuitivas. Este novo ponto de acesso na parte traseira da caixa é realçado por uma estrutura de alumínio belamente maquinada, com o logótipo das Sabrina V. Até os terminais de coluna das Sabrina V utilizam conectores Wilson Audio premium, oferecendo um encaixe seguro e inato para fichas tipo forquilha e banana.
A construção e o acabamento das Wilson Audio Sabrina são do melhor que se pode encontrar em qualquer coluna de som. São tão bem construídas e com um acabamento impecável, tudo grita qualidade – o modelo que recebi tinha um muito bonito acabamento em tons de cinza suave mas é possível escolher a nossa cor favorita a partir de um catálogo que tem nada menos de 33 opções de escolha, para além de 10 outras alternativas em termos das cores dos anéis metálicos dos altifalantes e da grelha, existentes no site da Wilson! As diversas alternativas são apresentadas imediatamente no ecrã, como se se estivesse a configurar um automóvel.
Em termos de especificações técnicas, a Wilson indica uma impedância nominal de 4 Ω, com um mínimo de 2,33 Ω, uma resposta em frequência a estender-se dos 27 Hz aos 24 kHz, ±3 dB (valor médio na sala), e uma sensibilidade de 87 dB/W/m. Deixo desde já aqui a indicação de que na minha sala dedicada não tive qualquer problema quer no que se refere a eventuais ressonâncias nos graves quer em termos de alimentação das colunas que tocaram sempre muito bem com o conjunto Inspiration 1.0 da Constellation, sem necessidade de subir de maneira sensível o nível de volume acima do que estou habituado a utilizar quer com as Quad ESL 63 quer com as Diptyque DP140 MkII. Portanto, um bom amplificador com uma potência da ordem dos 150…200 W estará perfeitamente à altura da situação - convém tomar em devida conta que a impedância e a sensibilidade têm valores relativamente baixos.