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O Qobuz e o streaming

O Qobuz e o streaming

Jorge Gonçalves

25 março 2024

Razões para uma mudança


O streaming de ficheiros digitais de áudio é um conceito relativamente recente e só tomou uma dimensão mais abrangente com o aparecimento do Spotify em 2006 – tive oportunidade de assistir a uma das primeiras demonstrações deste serviço nesse mesmo ano, nos laboratórios da Philips em Leuven mas sobre isso não me vou alargar para já. Antes destes serviços de «aluguer» de música, tivemos a disponibilização de ficheiros de maior ou menor resolução através, por exemplo, da HD Tracks, a pioneira, logo seguida de diversos outros, muitos ainda em pleno funcionamento hoje: Bandcamp, TundCore, Fiverr e assim por diante.  Mas, para saber (quase) tudo sobre os ficheiros de áudio digital, nada como ler o artigo do Miguel Marques disponível aqui Guia de introdução ao áudio digital

A Qobuz, o tema deste artigo, começou exactamente como uma loja que vendia ficheiros digitais de áudio em diversas resoluções e foi fundada em 2007 por Alexandre Leforestier e Yves Riesele, sendo actualmente propriedade da Xandrie SA. Disponibiliza ou vende ficheiros com qualidade desde o MP3 a 320 kbit/s, CD-DA sem perdas (16 bits/44,1 kHz) e alta resolução sem perdas (até 24 bit/192 kHz) para diversos casos. Actualmente as actividades de streaming e venda directa de ficheiros funcionam em paralelo, sendo os formatos disponíveis para músicas adquiridas individualmente WAV, AIFF, ALAC e FLAC para qualidade de alta resolução; WMA sem perdas para músicas com qualidade de CD e MP3, WMA padrão e AAC para qualidade com perdas (a 128 kbit/s ou 320 kbit/s). A designação Qobuz tem origem no kobyz/qobyz, um antigo instrumento musical de cordas oriundo da região da Turquia e Cazaquistão.

Info Qobuz

Em 2020, a Qobuz cancelou a sua proposta de assinatura com qualidade MP3, concentrando-se no streaming sem perdas, disponibilizando-a apenas como uma opção. A plataforma pode funcionar em equipamentos com sistemas operativos Microsoft Windows, MacOS, iOS e Android e ainda Google Chromecast e TizenOS (sistema desenvolvido pela Samsung para os seus televisores). Todos os equipamentos Roon Ready disponibilizam a aplicação da Qobuz, bem como esta pode ser acedida em equipamentos com a função de streaming disponibilizados por uma grande variedade de marcas – Naim, Cambridge Audio, Volumio e Sonos são apenas alguns dos nomes dessas marcas.
O serviço Qobuz está actualmente disponível em países tais como Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Áustria, Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Países Baixos, Espanha, Itália, Estados Unidos (onde tem um sede própria desde 2018), Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile, Portugal e Canadá. A empresa estabeleceu desde há alguns anos uma política de parcerias locais que permitem ter acesso a 30 dias de teste gratuito sem qualquer compromisso. No caso da Audio e Cinema em Casa encontra um banner na nossa página de abertura para poder usufruir dessa oferta (Oferta Qobuz). Os custos de assinatura começam em 8,99 euros por mês, o preço mais barato de todos os serviços de streaming actuais. Estão disponíveis mais de 100 milhões de faixas, complementadas por 500 000 artigos com críticas de álbuns e biografias de artistas.

Começo por «confessar» que fui utilizador dos serviços Tidal durante praticamente 6 anos e acabei por mudar no final do ano passado para o Qobuz, por razões que explicarei em seguida. E a transição foi a coisa mais fácil do mundo, recorrendo ao serviço Soundizz que transfere de maneira simples e imediata todas as playlists que se possam eventualmente ter em qualquer outra plataforma para o Qobuz. É possível que possa ocorrer uma ou outra falha no caso de faixas mais difíceis de encontrar mas no meu caso reconheço que não falhou uma única das que tenho incluídas em algo como 22 playlist que tinha no Tidal, mantendo-se até as versões MQA sempre que elas estejam disponíveis no lado do Qobuz – o Tidal está a colocar tudo o que seja novidade em FLAC, tendo abandonado o MQA. A Soundizz tem uma versão gratuita mas para playlists mais completas é melhor utilizar a versão de assinatura mensal que é muito acessível.

E porque é que eu resolvi mudar para o Qobuz? Não foi apenas uma questão de preço – embora a Tidal tenha anunciado recentemente ir baixar o custo da subscrição de um novo serviço equivalente ao HiFi Plus para 11 dólares, o que eu constatei online é que na Europa continuam a pedir 13,99 € pela assinatura – algo está muito confuso lá por aqueles lados, embora tenha de se ter em conta que o anúncio oficial anuncia o dia 10 de Abril como a data de início destes novos preços! Portanto, este aspecto fica de lado, o que sobra? Uma vez que utilizo normalmente o Roon no meu sistema principal de áudio, as funções extra do Qobuz não são essenciais, já que são fornecidas por aquela interface. Mas então, deu-me na cabeça? Pois não foi nada disso: desde há uns tempos, quando tinha experimentado o Qobuz com a partilha de uma subscrição na altura sedeada em França porque o serviço ainda não tinha chegado até nós, que tinha na ideia tornar a ouvir um conjunto de faixas em paralelo no Qobuz e na Tidal para tirar de vez uma dúvida sobre o tipo de processamento, ou nenhum utilizado.

Playlists

Desde há muito tempo que sei que todas as plataformas de streaming utilizam alguma igualização, não do tipo empregue por algumas rádios que chegam a colocar tudo de tal modo no topo dos níveis em dB, para soarem alto, que inviabilizam todas as cambiantes dinâmicas, mas mais do género de dar um pouco mais de «brilho» à gama média e média aguda para «soarem melhor». O Spotify é useiro e vezeiro nesses truques, a Tidal também usa, embora bastante menos, como seria no caso do Qobuz? Pois, após três meses de utilização permanente do serviço, tenho que reconhecer que até nos altifalantes de um monitor de computador ele soa muito bem, e num bom sistema de áudio bate a Tidal aos pontos – a qualidade de som tem uma naturalidade que até aqui não tinha experimentado, a gama dinâmica alarga-se nos dois extremos e a espacialidade / palco sonoro são imediatamente palpáveis, enfim, ouvir música torna-se mais relaxante e agradável e não há a mínima sensação de música «enlatada» ou de elevador. Portanto, se não tem Roon, a informação proporcionada pelo Qobuz é de primeira água e a qualidade sonora imediatamente distinguível como superior em relação à Tidal e, depois da charada que a Lenbrook criou com o MQA, continua a poder aceder a todos os seus álbuns neste formato desde que eles estejam no Qobuz como tal, o que aconteceu comigo numa grande quantidade de casos. Experimente e vai ver – não paga nada por isso durante um mês. Aceda ao link indicado acima e partilhe as suas conclusões.
Entretanto, se já tiver um acesso, pode ir ouvindo a playlist da Audio e Cinema em Casa, disponível através do link Playlist Audio e Cinema em Casa

Playlist Audio e Cinema em Casa
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