Filhos do Sol – Parte 1

8 fevereiro 2024

A luz que ilumina a música

Tudo é eléctrico hoje em dia, independentemente de onde vem a energia. Os mais crentes ficam descansados, pois existe um paraíso para isso mesmo, o fornecimento inesgotável de energia limpa. Os mais… realistas não estão a leste do paraíso e vêm dois problemas: inesgotável e limpa.
Ultrapassando pela direita outras questões, a produção de energia ainda não é uma nem outra coisa. Como frequentemente acontece, é uma questão de percentagem: existe energia inesgotável e limpa, mas em quantidade reduzida. Continuando pela direita, exige ainda investimento, luxo a que alguns não se podem dar… 

Neste aspecto do investimento, existem amplificadores dois-em-um; cumprem a sua função e ainda aquecem a casa. Já que lá estão, ajudam a amortizar o que custam. Mas, qual rosa e seus espinhos, a citada vantagem apenas existe no inverno! E ter um motor a funcionar permanentemente perto do regime máximo de rotação, pode não ser das melhores ideias. Para obviar a esta promessa latente de acção, as marcas foram desenvolvendo outras tipologias de amplificação, digamos que mais amigas do ambiente e de quem paga os consumos mensais. 
“Um sistema hi-fi é antes de mais a sala”, dizem alguns. O que é verdade, mas não existe sistema sem energia eléctrica. Por isso, a energia é que põe a sala a cantar. Com todos os problemas e insuficiências no fornecimento, é elemento essencial. Mas sempre fui assaltado por uma dúvida: não é o sistema dos automóveis muito mais simples? Uma bateria, uns cabos e… música a tocar, directamente por corrente continua e sem mais. E parece que com uma grande diferença / vantagem: o tipo de fornecimento. Nada é (ainda) inesgotável e limpo, mas evita-se um conjunto de problemas inerentes ao tal fornecimento doméstico da energia.

O estágio de pesquisa e desenvolvimento é especialmente importante. Na realidade, apenas alguns equipamentos têm fontes de alimentação, às quais foi prestada suficiente atenção. Esta opção justifica mesmo nalguns casos investimentos avultados por parte das marcas, influindo muitíssimo na qualidade do som. A sua função não é assim meramente utilitária, destinando-se também a suprir a baixa qualidade da corrente eléctrica industrial fornecida; que é utilizada directamente e sem a armazenar num suporte de alta qualidade.
A minha curiosidade era muita e desafiei um amigo: consegue alimentar a maquinaria apenas com energia solar? O ponto de partida foi alterar a forma de fornecer energia ao amplificador. Os equipamentos Hi-Fi precisam de muita energia, mas as actuais baterias já movem automóveis, quanto mais amplificadores. Parece faltar desculpa válida para não as usar domesticamente. Reproduzir som de alta qualidade, poderia assim custar uma fracção, para se obter os mesmos resultados. Estamos já na era da produção das energias limpas de alta qualidade.

O amigo Luís comprou então alguns painéis solares (4 de 100w/12v + 4 de 180w/12v) e pendurou-os na parte de fora da varanda. Com a energia produzida, pode alimentar directamente os equipamentos e / ou carregar baterias. Sem ter de passar / estar conectado a uma etapa intermédia que gera tensão alternada de valor elevado (modo de fornecimento em bruto). Claro que não é assim tão simples e directo, como adiante se descreverá (e que aliás coloca alguns problemas… “estéticos”, potencialmente inultrapassáveis quando se partilha o ninho conjugal).

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