As linhas directas valem a pena
De há uns anos a esta parte o interesse pela optimização da alimentação de um sistema de áudio tem vindo a crescer de forma marcante, embora continuem a existir aqueles que não acreditam que mudar os cabos de alimentação ou os dispositivos de protecção existentes no quadro eléctrico tem assim tanta influência na performance do sistema.
Quadro original
O Nuno Melo, da Imagem Sonora, é dos que mais pugnam pelo reconhecimento da necessidade de dar a máxima atenção ao modo como a tensão de sector chega até ao ponto de alimentação do sistema de áudio, dedicando-se a instalar quer linhas de alimentação directas quer fusíveis e disjuntores de alta qualidade.
Claro que mexer numa instalação eléctrica não é para todos e ao nível do ramal de entrada da EDP mais complicado e perigoso se toma – é mesmo proibido para alguém que não um electricista profissional aceder de algum modo ao dispositivo de protecção do ramal de entrada. Fica desde já aqui o aviso para os mais afoitos: nem pensem em tentar fazer bricolage num quadro eléctrico porque as consequências que daí podem resultar são imprevisíveis e em alguns casos funestas.
Trabalho interior no quadro
Tive a oportunidade de acompanhar o Nuno durante o upgrade da instalação eléctrica do Pedro Miranda, um conhecido audiófilo da nossa praça, começando essa renovação pela colocação de um suporte de fusível HiFi-Tuning Ultimate na entrada do ramal da EDP com o respectivo fusível – inicialmente um com o valor de 50 A, embora não o definitivo pois ainda não tinha chegado o modelo da HiFi Tuning. Logo depois, este mesmo fusível foi substituído por um outro de 63 A, este sim da HiFi-Tuning, trazido pelo Paulo Inácio.
Resultado final
O Pedro Miranda tem aquilo que se poderia chamar um «sistema improvável» pela combinação de equipamentos e pelo exíguo espaço em que se encontram colocadas as colunas bipolares Mirage M1-SI, as quais gostam de ter algum espaço livre em sua volta. Mas de aqui a um pouco mais desvendarei porque é que este é mais um daqueles casos em que as aparências iludem. No resto do sistema pontificavam o conjunto Transporte Sonic Frontiers SFT-1 / DAC Sonic Frontiers SFD-2 MKIII, este com válvulas Telefunken 88 CC 1 originais de 1968, um prévio NAIM NAC 52 e um amplificador de potência estéreo NAP 500, para além de um streamer Bluesound.
Começámos por ouvir o sistema antes de se efectuarem quaisquer alterações nas linhas de alimentação para, no meu caso, uma familiarização com o sistema. E foi uma muito agradável surpresa constatar que as M1 Si soavam muitos mais livres e abertas do que se poderia esperar quando, por exemplo, a coluna esquerda não estará a sequer a um metro da parede traseira e nem isso da lateral. Os graves eram realmente imponentes e muito controlados e ficou então definido o aperitivo para o que se iria seguir. A mudança do fusível de entrada traduziu-se de imediato em melhorias evidentes em termos de um maior silêncio, uma presença mais forte dos instrumentos, com uma excelente «respiração de cada um deles», perfeita destrinça entre os intérpretes e um quase perfeito sentido de ritmo, algo em que já de si os Naim são mestres.
Chegou então o momento da segunda intervenção no quadro com a substituição dos suportes e respectivos fusíveis que protegem as cinco linhas directas (!) por outros do modelo Supreme3, tendo-se tido o cuidado de manter em cada linha exactamente os fusíveis originais. Ouvi diversas faixas de CDs que conheço bem tais como o Bailar Cantando, de Jordi Savall, com música peruana do século XVII (faixas 5 – Cachua a Voz Bajo, e 6 – Denno Lecencia Señores), Ami Fujita, no CD Camomile (faixas 8 – Tir n’a Noir e 9 – The Water is Wide) e mais alguns, bem como uma obra que não conhecia e que o Pedro me «apresentou», o Conférence de Presse, como Eddy Louis e Michael Petrucciani.
Tudo aquilo de que já me tinha apercebido anteriormente evoluiu mais alguns degraus na minha escala de apreciação, nomeadamente no que tinha a ver com recuperação de detalhes, precisão da imagem espacial que pareceu aumentar nas três dimensões, incluindo a profundidade, e um silencio quase espectral entre notas. Ficou aqui uma vez mais provado que a melhoria da rede de alimentação de um sistema de áudio produz melhorias evidentes, tanto que até me despertou o «bichinho» que estava adormecido há algum tempo no que se refere a colocar em minha casa mais uma linha directa – é só uma questão de apanhar uma brecha na ocupação de tempo por parte do Nuno.
Quem quiser saber mais pode contactar a Imagem Sonora