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Os fusíveis e a música

Os fusíveis e a música

Jorge Gonçalves

17 setembro 2022

As linhas directas valem a pena


De há uns anos a esta parte o interesse pela optimização da alimentação de um sistema de áudio tem vindo a crescer de forma marcante, embora continuem a existir aqueles que não acreditam que mudar os cabos de alimentação ou os dispositivos de protecção existentes no quadro eléctrico tem assim tanta influência na performance do sistema.


Quadro original

Quadro original

O Nuno Melo, da Imagem Sonora, é dos que mais pugnam pelo reconhecimento da necessidade de dar a máxima atenção ao modo como a tensão de sector chega até ao ponto de alimentação do sistema de áudio, dedicando-se a instalar quer linhas de alimentação directas quer fusíveis e disjuntores de alta qualidade.
Claro que mexer numa instalação eléctrica não é para todos e ao nível do ramal de entrada da EDP mais complicado e perigoso se toma – é mesmo proibido para alguém que não um electricista profissional aceder de algum modo ao dispositivo de protecção do ramal de entrada. Fica desde já aqui o aviso para os mais afoitos: nem pensem em tentar fazer bricolage num quadro eléctrico porque as consequências que daí podem resultar são imprevisíveis e em alguns casos funestas.


Trabalho interior no quadro

Trabalho interior

Tive a oportunidade de acompanhar o Nuno durante o upgrade da instalação eléctrica do Pedro Miranda, um conhecido audiófilo da nossa praça, começando essa renovação pela colocação de um suporte de fusível HiFi-Tuning Ultimate na entrada do ramal da EDP com o respectivo fusível – inicialmente um com o valor de 50 A, embora não o definitivo pois ainda não tinha chegado o modelo da HiFi Tuning. Logo depois, este mesmo fusível foi substituído por um outro de 63 A, este sim da HiFi-Tuning, trazido pelo Paulo Inácio.


Resultado final

Resultado final

O Pedro Miranda tem aquilo que se poderia chamar um «sistema improvável» pela combinação de equipamentos e pelo exíguo espaço em que se encontram colocadas as colunas bipolares Mirage M1-SI, as quais gostam de ter algum espaço livre em sua volta. Mas de aqui a um pouco mais desvendarei porque é que este é mais um daqueles casos em que as aparências iludem. No resto do sistema pontificavam o conjunto Transporte Sonic Frontiers SFT-1 / DAC Sonic Frontiers SFD-2 MKIII, este com válvulas Telefunken 88 CC 1 originais de 1968, um prévio NAIM NAC 52 e um amplificador de potência estéreo NAP 500, para além de um streamer Bluesound.

Sistema

Começámos por ouvir o sistema antes de se efectuarem quaisquer alterações nas linhas de alimentação para, no meu caso, uma familiarização com o sistema. E foi uma muito agradável surpresa constatar que as M1 Si soavam muitos mais livres e abertas do que se poderia esperar quando, por exemplo, a coluna esquerda não estará a sequer a um metro da parede traseira e nem isso da lateral. Os graves eram realmente imponentes e muito controlados e ficou então definido o aperitivo para o que se iria seguir. A mudança do fusível de entrada traduziu-se de imediato em melhorias evidentes em termos de um maior silêncio, uma presença mais forte dos instrumentos, com uma excelente «respiração de cada um deles», perfeita destrinça entre os intérpretes e um quase perfeito sentido de ritmo, algo em que já de si os Naim são mestres.
Chegou então o momento da segunda intervenção no quadro com a substituição dos suportes e respectivos fusíveis que protegem as cinco linhas directas (!) por outros do modelo Supreme3, tendo-se tido o cuidado de manter em cada linha exactamente os fusíveis originais. Ouvi diversas faixas de CDs que conheço bem tais como o Bailar Cantando, de Jordi Savall, com música peruana do século XVII (faixas 5 – Cachua a Voz Bajo, e 6 – Denno Lecencia Señores), Ami Fujita, no CD Camomile (faixas 8 – Tir n’a Noir e 9 – The Water is Wide) e mais alguns, bem como uma obra que não conhecia e que o Pedro me «apresentou», o Conférence de Presse, como Eddy Louis e Michael Petrucciani.

Supreme 3

Tudo aquilo de que já me tinha apercebido anteriormente evoluiu mais alguns degraus na minha escala de apreciação, nomeadamente no que tinha a ver com recuperação de detalhes, precisão da imagem espacial que pareceu aumentar nas três dimensões, incluindo a profundidade, e um silencio quase espectral entre notas. Ficou aqui uma vez mais provado que a melhoria da rede de alimentação de um sistema de áudio produz melhorias evidentes, tanto que até me despertou o «bichinho» que estava adormecido há algum tempo no que se refere a colocar em minha casa mais uma linha directa – é só uma questão de apanhar uma brecha na ocupação de tempo por parte do Nuno.
Quem quiser saber mais pode contactar a Imagem Sonora

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