Imacustica celebrou os seus 39 anos

Jorge Gonçalves

10 abril 2025

Imacustica comemora 39 anos de dedicação ao High-End com a casa cheia.

Adaptando o que dizia o Honorato Pimentel, o colaborador mais antigo da Audio e Cinema em Casa, ele tinha pena de ter perdido o primeiro autocarro pois só tinha começado a escrever no 2.º número da revista, eu também não apanhei o autocarro da inauguração da Imacustica, pois só conheci a empresa cerca de um ano depois, quando dirigia a revista Hi-Fi, a edição portuguesa da What Hi-Fi?. Mas a partir daí tenho acompanhado com regularidade aquilo que o Manuel, a Conceição e a sua equipa têm feito pelo áudio de alta qualidade em Portugal.

Foi aqui que a Imacustica começou.


Tudo começou na Rua Duque de Saldanha numa loja de área relativamente reduzida mas onde cabiam bem as almas de todos os que gostavam de alta-fidelidade no Porto e arredores. Algum tempo passado e eis que surge o segundo espaço, do outro lado da rua, com auditórios bem amplos. O homem sonha e a obra surge e eis que a Imacustica se muda de armas e bagagens para a Rua de Santos Pousada, onde as instalações se espalham por três pisos, um grau de liberdade bem apreciado por todos.

O Manuel tem sido o grande timoneiro da Imacustica todos estes anos.

Mas, queira-se ou não, uma grande parte dos entusiastas do bom som está em volta da região de Lisboa pelo que se tornava obrigatório estender a área de influência para Lisboa em instalações bem condignas do pedigree da empresa e da sua equipa e eis que surgiu a loja da Avenida do Brasil, local onde decorreu a celebração do 39.º aniversário, celebração esta que teve lugar com toda a pompa e circunstância.

E toda essa pompa decorreu não só da presença entre nós de um conjunto único de equipamentos que raramente se ouvem individualmente, quanto mais juntos, bem como ainda de diversas personalidades que são verdadeiramente e na total acepção da palavra, figuras de realce no mundo do high-end: David Steven, director, e Raveen Bawa, director de vendas, ambos da dCS, Dan D’Agostino, da grande marca que ostenta o seu nome, Bill Peugh, responsável de vendas pela Europa e EUA da Wilson Audio, Michael Fremer, da revista The Absolute Sound, e, claro Ricardo Franassovici, o homem que criou o high-end e que nunca perde oportunidade para visitar o país onde viveu uma boa quantidade de anos.

O evento distribuiu-se por quatro espaços – a habitual sala principal albergava um fabuloso sistema construído em volta das colunas Wilson Audio Chronosonic XVX, ligadas aos monoblocos Dan D’Agostino Relenteless 800, controlados pelo prévio Relenteless Pre, da mesma marca, com a fonte principal a ser o dCS Varese, ligado a um servidor Antipodes Oladra. A cablagem era fundamentalmente da linha de topo da Transparent. Na segunda sala estavam as Magico S5, combinadas com os amplificadores monobloco e o prévio da Robert Koda e o dCS Vivaldi como fonte musical. Na terceira sala pontuavam as Sonus faber Stradivari, com electrónica da linha Reference da Audio Research, com destaque para os imponentes monoblocos Reference 330M. Uma vez mais a fonte digital era da dCS, na forma do streamer /DAC LINA. No espaço aberto entre estas duas últimas salas foi organizada uma área de demonstração de como se afinava um gira-discos Air Force III, com braço Graham Engineering Phantom e cabeça Analog Relax EX300, sob a batuta de Michael Fremer, com a preciosa colaboração do Guilhermino Pereira.

E foi um verdadeiro corrupio de visitantes, quase que parecia um Audioshow dos velhos tempos, que se dirigiu à Imacustica, mantendo uma enorme dinâmica em torno do evento e permanecendo nas salas mesmo depois de terminadas as sessões de demonstração, conduzidas por Ricardo Franassovici, acolitado por Dan D’Agostino e David Stern, bem como por Ricardo Polónia. Embora grande parte do meu tempo de permanência fosse dedicado às entrevistas que realizei a Dan, David, Bill, Michael e Ricardo, a publicar em breve, não perdi a oportunidade de ouvir as espantosas XVX, no fabuloso acabamento Cranberry Pearl.

As Wilson Chronosonic XVX são bonitas vistas de qualquer ângulo. Ver umas Wilson faz-me sempre recordar o meu amigo Luís Campos, uma recordação agridoce porque sinto a sua falta e, ao mesmo tempo, recordo tantos bons momentos passados juntos.

Sob o judicioso controlo do Ricardo as «meninas» tocaram bem com tudo o que lhes foi submetido, com especial realce para uma belíssima interpretação de Sara Barailes da canção Goodbye Yellow Brick Road, uma voz belíssima e cheia de emoção que nos fez deixar de pensar no sistema e ouvir apenas a cantora ali na sala a tocar em privado para os que nela estavam. E quem gosta de energia ficou colado à cadeira com a veemência do grupo Bozzio Levin Stevens e a beleza da guitarra de Steve Stevens, e ainda com Nina Simone a cantar If You Knew, gravada ao vivo no Carnegie Hall, com a pièce de resistance a ser uma raridade – a faixa Do You Believe, de Webster Lewis, editada na sequência de uma estadia de Webster na Noruega.

Como coloquei em título numa notícia relativa ao Audioshow já lá vão mais de 20 anos, foi um verdadeiro cacharolete de novidades que a Imacustica apresentou no seu 39.º aniversário, para gáudio das várias centenas de pessoas que se deslocaram à avenida do Brasil e que foram prendadas no sábado de manhã com mais uma sessão das Saturday Mornings em que o Carlos Saraiva falou da era sinfónica do rock abordando álbuns icónicos como Days of Future Passed, Concerto for Group and Orchestra, Atom Heart Mother, entre outros, em algumas das melhores prensagens disponíveis. Com tanto sucesso que, uma vez que Michael Fremer partiu de Lisboa no sábado de madrugada, a tertúlia do vinilo continuou na parte da tarde.

Seria muito difícil celebrar de maneira mais completa um aniversário que comemora 39 anos de sucesso no mercado português de uma grande empresa e nem consigo pensar em que é que a Imacustica poderá pensar para a festa dos 40 anos. Foi seguramente necessário colocar em campo um grande profissionalismo e muito trabalho por parte de toda a equipa, comandada de maneira irrepreensível pelo Manuel e pela Conceição que, cansados mas felizes, chegaram ao final do dia de sábado com faces radiantes que expressavam bem o prazer do dever cumprido.

Foto de grupo da equipa e convidados. Da esquerda para a direita, na primeira fila: João Paulo, Paulo Soares, Guilhermino Pereira, Raveen Bawa. Na segunda fila, pela mesma ordem: Ricardo Polónia, Conceição Ferreira, Beatriz Dias, Bill Peugh, Manuel Dias, Michael Fremer, Ricardo Franassovici, Dan D’Agostino, David Steven.

Todos estão de parabéns pelo grande trabalho que têm feito até agora e que seguramente se manterá ao melhor nível por uma boa quantidade de anos. A alma e o espírito estão lá, o gosto por receber pessoas, tão natural no Norte, deu cartas em Lisboa e a presença de tantos amigos e clientes só contribuiu para tornar esta grande celebração ainda maior. Parafraseando aqui Chico Buarque de uma maneira mais que válida, não poderei fechar melhor este texto senão com um: “Foi bonita a festa, pá”.

Foto de despedida, para o ano há mais.