Três propostas de bons e (mais) acessíveis sistemas na Ultimate
Há poucos dias, a Ultimate Audio promoveu a sessão “Budget Beats” na sua loja de Lisboa, dedicada, como o nome indica, a sistemas mais acessíveis - sendo obviamente necessário ter em conta que a Ultimate Audio se move essencialmente no mundo do High-End e, portanto, o significado de “budget” não será o mesmo que em outras lojas…
A Ultimate montou então três sistemas diferentes, nas suas três salas - e, logo na primeira, lidámos com um streamer da Silent Angel, DAC e amplificação da Fezz (com destaque para o DAC ser feito em colaboração com a prestigiadíssima marca Lampizator) e umas colunas Atalante 4, da Revival Audio. Como fonte analógica tínhamos um prato MoFi (feito em colaboração com a Fender, conhecido fabricante de guitarras) e um prévio de gira-discos também da Fezz - com cabos da Espirit Audio Celesta e ainda um estabilizador de corrente da Isotek.
Na segunda sala, era possível ouvir as SVS Ultra Evolution, com um streamer/DAC da Auralic e amplificação da Primare, nomeadamente os modelos I35 e A35.2, novamente com cabos da Espirit Audio, desta vez acompanhados também por cabos da Siltech. Como fonte analógica ouvimos um gira-discos da Clearaudio, com um prévio de gira-discos da Keces.
E, por fim, na última sala tínhamos as colunas Sourcepoint 888, da MoFi - acompanhadas pelo mais recente integrado da Luxman, o 505Z, um streamer Pulse, da portuguesa Innuos, o também bastante recente DAC da Luxman, o DA-07X, e ainda por um conjunto de vinilo combinado entre Mofi e DS Audio, tudo com cablagem Crystal e Siltech (fiquei apenas com pena de não ter ouvido o sistema das Audiovector QR7SE, montado no hall, que não estava em funcionamento quando me desloquei à loja).
Não sendo fácil tirar conclusões de uma escuta tão curta, na primeira sala destacaria a presença e clareza das Atalante 4, características que se revelaram particularmente impressionantes com vozes e pianos. Não conhecia a marca polaca Fezz, mas fiquei também impressionado - pareceram-me produtos de excelente relação qualidade / preço, com uma gama muito completa e um design simples mas muito apelativo, tendo ficado particularmente surpreendido com o DAC Lampizator, com um excelente som e um preço bastante acessível.
No sistema das colunas SVS, gostei muito da segurança com que o pré/power da Primare segurou umas torres daquele tamanho - a mostrar o quanto a amplificação Classe D já evoluiu (o conjunto apresenta também um design muito bonito, fiel à tradição nórdica nessa matéria) Quanto às SVS, mostraram um poder impressionante nos graves, uma escala a fazer jus ao seu tamanho e uma apresentação mais intimista e contida do que, por exemplo, as 888 - o que resultou muito bem em alguns estilos. Os componentes digitais, da Auralic, tal como já tinha referido para os componentes analógicos da Primare, entregaram todo o corpo e energia que umas colunas com as SVS necessitam, a mostrar o gigantesco salto que o digital de gama média deu nos últimos anos.
E, como o melhor costuma estar guardado para o fim, e sem qualquer desprimor dos sistemas ouvidos anteriormente, a combinação Luxman/Sourcepoint 888 soava absolutamente impressionante, fazendo lembrar sistemas muito mais caros. Já tinha há muito curiosidade de ouvir estas 888, desenhadas por Andrew Jones (TAD, ELAC, entre muitos outros) para a MoFi, depois do muito sucesso dos dois modelos anteriores - e de ter acompanhado algumas medições feitas na Internet e que indicavam uma performance a roçar a perfeição.
E assim foi - uma notável coesão e integração entre frequências, a proporcionar verdadeiro som full-range, dos mais graves aos mais agudos, um palco absolutamente gigantesco (o, que não sendo muito do meu agrado, sei que agradará muito à esmagadora maioria dos audiófilos) e uma capacidade impressionante de soar bem tanto em todos os géneros musicais que foram tocados (e foram bastantes), como em fontes digitais ou analógicas. E, se todos conhecemos já bem a capacidade da Luxman de produzir excelentes produtos no domínio analógico, ficou também na retina a prestação do novo DAC DA-07X, a fazer uma óptima combinação com o streamer da Innuos - com conversores da ROHM (uma marca a ter em conta neste mercado dos DACs e que começa a dar alguma muito necessitada concorrência à Sabre e à AKM) e um circuito de saída totalmente balanceado, o DA-07X, tal como os Auralic acima mencionados, mostra que o digital de gama média é cada vez mais indistinguível do digital High-End. Também o conjunto de vinilo, o único que ouvi, soava bastante realista e claramente diferente do digital, embora deva aqui admitir que tenho mais conhecimento de áudio digital do que de gira-discos e afins.
Se, em geral, uma visita à Ultimate é sempre uma boa ideia - tal é a quantidade e qualidade de produtos que ali se podem ouvir, ficaram aqui vários excelentes exemplos de como se podem montar sistemas mais “acessíveis” sem que isso implique perdas significativas de qualidade. Se todos os sistemas me agradaram, aconselharia seriamente o leitor a ouvir a combinação DAC/integrado da Luxman com as MoFi Sourcepoint 888 - pelo preço, tenho muita dificuldade em imaginar um sistemas mais impressionante do que este.
Deixo apenas uma nota final para saudar o regresso destas sessões, que espero que se mantenham regulares - possibilitando aos visitantes ouvir sistemas especificamente curados pela loja e aos audiófilos interagirem mais uns com os outros.