Conrad Mas esteve na Exaudio para falar sobre a marca e a sua nova distribuição em Portugal e Espanha
A AVID é uma marca de longo renome e tradição, principalmente no que refere aos gira-discos mas não só. Tive oportunidade de falar com Conrad Mas há uns dias quando da sua deslocação à Exaudio e recordar velhos tempos de que ambos temos histórias bem interessantes e, muito mais que isso, falar sobre o futuro da marca.
Conrad Mas, fundador e CEO da AVID
A troca de impressões com Conrad foi uma vez mais bem longa e extremamente interessante. Aquilo que daí sobressaiu foi o posicionamento de Conrad em relação à promoção através da Internet, algo em que ele e a marca estão fortemente empenhados neste momento pois, realçou Conrado, a Internet tem uma combinação única de elevada velocidade de divulgação da informação e de perenidade da mesma pois o que foi publicado fica lá para sempre, enquanto uma revista impressa se durar um mês junto ao leitor já é muito, sendo depois posta de lado ou mesmo atirada para o lixo. A AVID tem actualmente uma gama bem ampla de produtos que vai das cabeças de gira-discos, aos cabos, aos amplificadores e às colunas, com diversos modelos em cada categoria mas isso não causa problemas em termos de elevado stock de componentes porque muitos deles são comuns e, além disso, a linha de montagem é extremamente versátil, podendo mudar-se em minutos da fabricação de um modelo para a de um outro. Tal como eu fiz no artigo publicado há dias, Conrad também se queixa dos preços loucos que alguns fabricantes estão a pedir pelos seus produtos de topo e garantiu-me que a AVID nunca enveredará por essa política. A marca é igualmente conservadora em relação a manter os seus agentes nos cerca de 50 países em que é distribuída por muitos anos, só mudando se for detectado que um determinado agente não está a envidar os esforços necessários em termos de promoção da marca.
O Ingenium é uma solução completa, com braço e cabeça, a um preço acessível.
Falámos em seguida em volta do Acutus Dark Iron, o modelo de gira-discos que estava em demonstração, destacando Conrad o facto de ser utilizado um conceito diferente em termos de minimização dos efeitos da vibração natural dos discos resultante não só da rotação mas também do apoio da agulha da cabeça sobre o disco. Segundo ele o ponto central de «fuga» dessas vibrações é o veio, com três pontos de fixação ao prato e que gira dentro de um banho de óleo e com um apoio em safira. O contacto do veio com a chumaceira é quase perfeito e garante um escoamento quase absoluto das vibrações do disco. A AVID desenvolve as suas próprias cabeças em Inglaterra e fabrica mesmo as diferentes peças, as quais são enviadas depois para o Japão para a assemblagem final. A frequência da ressonância da cabeça em si é de 10 Hz e a da suspensão de 2,5 Hz, o que evita qualquer interacção entre ambos, já que só a 4.ª harmónica da vibração da suspensão poderia interferir na cabeça, o que não acontece porque essa harmónica tem um nível energético já muito baixo. Por outro lado, Conrad defende a utilização de um cantilever razoavelmente longo. No entanto essa solução pode originar alguma inércia na vibração do extremo interno do cantilever, onde se situam as bobinas. Esse problema é evitado através da diminuição do número de espiras de cada bobina que, por sua vez, provoca um diminuição do nível do sinal de saída, problema evitado com a utilização de ímanes de metais raros, com uma elevada intensidade magnética.
Foi igualmente muito interessante a explicação de Conrad em relação ao facto dos braços da AVID utilizarem dois dispositivos magnéticos de compensação do anti-skating. Segundo ele, a força que actua sobre a agulha e o cantilever varia de intensidade em função da posição de leitura: é mais intensa no início e fim do disco e quase nula no meio. A acção conjunta dos dois dispositivos de controlo da força de anti-skating permite modular a intensidade dessa força de modo a que resulte um efeito quase nulo seja qual for o ponto do disco em que a agulha está.
No caso dos seus amplificadores Conrad destacou igualmente a elevada qualidade dos componentes utilizados, tomando como exemplo o potenciómetro utilizado no seu Reference Pre, o qual é um Alps RK50, que custa nada menos de 500 libras e é utilizado apenas por mais dois fabricantes. O RK50 é o resultado da entrada na aposentação do designer chefe da Alps que como prémio de carreira pediu apenas que o deixassem desenvolver o melhor potenciómetro que alguma vez tinha sido fabricado. Seleccionou os melhores materiais do ponto de vista eléctrico e mecânico e saiu uma obra-prima que a AVID está neste momento a tentar modificar ligeiramente para aceitar o controlo motorizado. Apenas como um exemplo da perfeição e minúcia colocada em volta deste componente, realço o facto de a Alps chegar ao ponto de especificar a temperatura de soldadura dos fios de ligação ao potenciómetro: 260 graus e nunca por mais de 6 segundos! Já no integrado é utilizado o modelo RK 27, igualmente da Alps.
Amplificador integrado Accent
Ainda deu tempo para uma audição breve do Acutus, equipado com a cabeça Shelter Harmony e foi evidente que reproduz um som seguro, detalhado e muito espacial, indo exactamente ao encontro daquilo que o Conrado pretendia quando o desenvolveu. Ficou desde já agendado para um destes dias um teste a sério nesta máquina e resta-me portanto expressar aqui os meus desejos das maiores felicidades para o novo rumo da AVID.