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Estreia das Magico M7

Estreia das Magico M7

Jorge Gonçalves

20 maio 2024

Magico M7 têm estreia ibérica na Imacustica Lisboa


Não é todos os dias que temos a oportunidade de fazer parte de eventos tão especiais como o que teve lugar este fim-de-semana na Imacustica Lisboa e daí a razão para termos entre nós uma deputação de alto nível da Absolute Sounds e da Magico – Ricardo Franassovici, Alon Wolf, Peter Mackay, isto para além de uma boa parte da equipa da Imacustica. E todo este movimento resultou da primeira apresentação a nível ibérico das novas colunas da Magico, as M7.
Segundo Alon me confidenciou, um projecto deste nível requer total concentração da equipa de projecto e desenvolvimento durante algo como dois anos e no caso das M7 a Magico conseguiu obter acesso a ferramentas de medição laboratorial de alto gabarito, tais como um scanner Near-Field da Klippel e um medidor Doppler a laser da Plytec, o que lhes permitiu atingir elevadíssimos níveis de performance das unidades activas e das colunas. Um dos altifalantes que mais se destaca nas M7 por ser completamente novo, é a unidade de médios de 5 polegadas, como cone Nano-Tec de oitava geração. Os materiais utilizados no cone são o alumínio, na forma de estruturas em ninho de abelha ensanduichadas, revestidas interna e externamente por fibra de carbono impregnada com grafeno. A armação e a suspensão são totalmente novas, bem como o são os ímanes de neodímio que produzem um campo magnético intenso e uniforme. O tweeter é a mesma unidade com cúpula de berílio de 28 mm desenvolvida para as M9, revestida com uma camada de pó de diamante colocada por deposição química. Já no que se refere aos médios/graves e graves, a Magico recorreu a duas unidades de 9 polegadas, novamente com cones Nano-Tec de oitava geração e bobinas com um diâmetro de 127 mm com fio de titânio, imersa no potente campo magnético criado por dois ímanes de grande dimensão com aberturas de ventilação, o que lhes permite atingir um SPL de 120 dB a 1 metro.

Foto 1_Magico M7

Para reproduzir as frequências mais baixas, a M7 utiliza duas novas unidades de 12 polegadas, uma vez mais com cones de Nano-Tec e uma colocação original para os ímanes ventilados e uma excursão de 15 mm em cada um dos sentidos. A caixa das M7 tem igualmente uma estrutura original com uma parte externa de fibra de carbono concebida com recurso à tecnologia de modelação de elementos finitos. O painel frontal emprega a habitual estrutura monocoque de alumínio aeroespacial, e está ligado ao painel traseiro através de varões roscados que os apertam de maneira bem firme, o que faz com que praticamente não existam vibrações na caixa, pelo que quase não é necessário qualquer tipo de amortecimento. O crosssover de quatro vias é do tipo de simetria elíptica e utiliza componentes de alta qualidade da Mundorf e da Duelund, e a base foi igualmente desenvolvida de raiz para as M7 para se conseguir uma ligação absolutamente estável ao solo. E claro que toda esta ciência e tecnologia tem que ter a assinatura do mestre, ou seja, de Alon Wolf, patente numa placa cromada colocada na traseira. A sensibilidade é de 92 dB/W/m e a impedância nominal de 4 ohm, para uma resposta em frequência que se estende dos 18 Hz aos 50 kHz.
Mas o que mais conta é a «prova do pudim», ou seja, a audição das M7 colocadas no auditório principal da Imacustica Lisboa e acompanhadas por electrónica de amplificação Robert Koda, fonte digital dCS e como fonte analógica o incrível gira-discos Dohmann Helix One, complementado pelo gravador de bobinas da Metaxas. A cablagem era em grande parte da Transparent Audio.
E como tocaram as M7, meu Deus. Começo já por dizer que este foi um dos melhores sons que já ouvi nesta sala da Imacustica, seguramente o nível daquilo que experimentei com as Wilson Chronosonic e, sem dúvida, o melhor que já ouvi das colunas da Magico. Havia ali seguramente magia, e peço desculpa por utilizar um trocadilho tão óbvio mas é-me difícil fugir a ele, e a combinação da electrónica Robert Koda com as M7 funcionou como sopa no mel: o som tinha uma fluidez espantosa, uma coerência absoluta, as colunas pura e simplesmente desapareceram assim que começaram a reproduzir música, era difícil sentir alguma coisa que não estivesse a um nível superlativo. E ouvi uma grande variedade de música, desde o Modern Jazz Quartet, a Nat Adderley, a Vivaldi, a um Concerto de Aranjuez como nunca tinha ouvido, bem como uma belíssima e emocional Sinfonia n.º 3 de Mahler, com Bernstein a dirigir a NY Simphony Orchestra.

Foto 3_Magico M7

As M7 permitiram construir em volta delas um sistema com um elevadíssimo nível de performance capaz de reproduzir todo o tipo de música ao seu melhor nível. Destaco agora a naturalidade,  a elevação, quase como que uma nova dimensão, resultante da audição de uma fita de Ben Webster e ainda o concerto para violoncelo, de Vivaldi, com um palco sonoro, expansivo, pleno de respiração. E o quase a capella de Besame Mucho, apenas com um contrabaixo a definir o ritmo, mostrou que a música intimista, em que não é necessário uma parafernália de instrumentos, funciona igualmente de modo perfeito, demonstrando que a plenitude em temos musicais e emocionais estava ali ao alcance da nossa mão, ou melhor, dos nossos ouvidos. Só a terminar a minha apreciação, menciono a audição de Barry White em Say Something, com uma batida de grave impressionante pelo poder, controlo e recorte, uma voz rouca, com uma profundidade de fossa de Mindanau – acho que já há outra ainda mais funda mas foi essa que me foi apresentada na escola e é essa que me traz as memórias mais concretas.
Foi interessante falar com Alon, não fazer uma entrevista cheia de perguntas e respostas que nunca foi muito do meu agrado, mas sim trocar impressões, conversar, saltar de tema para tema, de conceito para conceito, sem a pressão de querer construir uma estória absoluta. Como já disse atrás, um projecto como o das M7 demora algo como dois anos de pesquisa e desenvolvimento até aparecer um produto acabado à luz do dia e Alon referiu-se a esse período temporal como sendo uma demonstração da beleza das coisas e daquilo com que somos premiados quando exploramos novos conceitos e novos materiais. A razão principal para o nível extremamente elevado de performance da M7 assenta em ter-se explorado ao máximo as novas ferramentas de medição que permitiram à Magico ver melhor aquilo que estavam a fazer e como melhorar detalhes por vezes imperceptíveis com as técnicas de medição mais convencionais. O resultado final resulta quase na totalidade da precisão das medições e de se saber o que se está a medir do que de longas sessões de audição, em que Alon não acredita muito como ferramenta de desenvolvimento.

Foto 2_Magico M7

Alon Wolf entusiasmou-se a falar das M7


Claro que todo este tempo de projecto e a necessidade de utilizar componentes de nível tão elevado tais como uma bobina para o crossover que pode custar mil euros, fazem com que o preço final de um produto com as M7 atinja níveis razoavelmente elevados mas Alon diz que não se deve aplicar às cegas a lei dos retornos diminuendos porque é muito difícil quantificar se algo como os 5% finais que se conseguem valem mais ou menos dinheiro – para alguns esses 5% podem corresponder a 100%. O que não se pode aceitar de maneira nenhuma é que produtos que têm um desempenho apenas sofrível custem verdadeiros balúrdios. Já quase no fim, Alon acabou por me revelar o segredo de que o próximo produto da Magico possa ser uma nova versão das M3 – tomem boa nota.
Foi sem dúvida uma sessão memorável, daquelas que deixam recordações que perdurarão porque ouvir umas colunas a tocar a este nível é algo que acontece apenas um número muito reduzido de vezes. Sinceros parabéns à Imacustica e à Absolute Sounds por se terem lançado nesta iniciativa que proporcionou a um vasto conjunto de audiófilos nacionais (as sessões de demonstração esgotaram todas!) a possibilidade de ouvir música a um nível superlativo. Venham mais oportunidades destas!