Faleceu Han Avôt, antigo vice-presidente da EISA
Desde 1994 que trabalhei com Han Avôt na EISA e de 2002 a 2012 estivemos os dois lado a lado na chefia da organização. Han não era uma pessoa fácil e dizia sempre o que lhe ia na mente, sendo difícil fazê-lo mudar de opinião quando a tinha já formada. No início das nossas funções levámos algum tempo a estabelecer soluções de entendimento até porque tínhamos pelo meio o handicap de termos estado em listas diferentes aquando da minha candidatura à presidência da EISA, algo que não foi impossível de resolver e que, quando ficou resolvido, se transformou num relacionamento sério, sólido e duradouro, resultado de uma grande compreensão mútua.
Ao mesmo tempo, Han era amigo do seu amigo, disponível para conversar, trabalhador como poucos e fizemos, sem exagero nenhum, uma grande equipa que implementou profundas mudanças na organização e a deixou preparada para o futuro, muitas vezes após longos debates nas assembleias-gerais. Com um sentido de humor fino e acutilante, muitas foram as gargalhadas que ele me fez dar em tantas viagens por esse mundo fora que nos fizeram percorrer os quatro continentes – faltou-nos a Oceânia –, incluindo diversas visitas a sua casa e outras que ele fez a Portugal, em trabalho e igualmente com algum lazer à mistura. Quase que podemos dizer que as nossas duas famílias passaram a ser uma só.
Começam a ser demasiados os obituários que tenho publicado ao longo dos últimos dois a três anos, o que causa sempre alguma tristeza. Mas, ao mesmo tempo, ficam cá deste lado as enriquecedoras experiências resultantes do contacto com amigos e profissionais do mais alto gabarito. E o que foi mais gratificante foi ter conseguido algo que não é fácil na vida – aliar o relacionamento profissional com relações de amizade que ficaram para sempre. Han partiu hoje para uma outra viagem, que ela seja plena e luminosa como ele sempre o foi na sua vida.