Muitas estreias e muita boa música (e bom cinema)
As Ultimate Sessions estão a ter lugar uma vez mais em Lisboa durante este fim-de-semana. Consegui por lá passar logo na sexta, o primeiro dia, e «dar uma volta» pelas diversas salas, cada uma delas com uma grande mostra de novos produtos, nalguns casos mesmo estreias mundiais.
A reorganização interna do amplo espaço ocupado pela loja de Lisboa facultou a criação de uma nova e ampla sala de audição, isto com a inerente redução da área de exposição. Foi a esta nova sala onde me dirigi inicialmente, movido pela curiosidade de «sentir» como tinha saído o resultado no que se refere a condições acústicas. E pareceu-me desde logo muito bem, com as várias dimensões seguramente próximas da relação dourada e, como é evidente, já com algum tratamento acústico nas paredes. O tecto inclinado seguramente que contribui para o bom resultado que pude experimentar.
Estava a tocar um sistema constituído por colunas Marten Mingus Septet, electrónica Octave – monoblocos a válvulas Jubilee Mono Ultimate com capacidade para debitarem 200 W em classe A e 300 W em classe AB sobre 8 ohm, graças a um conjunto de 8 válvulas KT170 em cada um deles; e prévio Jubilee – fonte digital Wadax Reference Server e Atlantic Reference DAC. Os cabos de coluna eram os Esprit L’Esprit. Das várias faixas que ouvi destaco La Chanson d’Hélène, de Yoon-sun Na, com uma bela combinação de voz e instrumentos e com as Marten a reproduzirem uma quase perfeita dicção do francês, algo não muito usual numa cantora oriental.
E passei para uma sala onde tive uma das gratas surpresas do dia na forma das colunas Audionec EVO 2. Estas interessantes colunas francesas de estrutura modular, utilizam um altifalante de médios agudos de estrutura altamente invulgar, com uma bobina de voz vertical a funcionar entre duas membranas laterais cilíndricas. As partes laterais das membranas são estáticas, com a zona central a ser mais activa e a vibrar longitudinalmente, criando-se assim um dipolo, a funcionar entre os 400 Hz e os 10 kHz, o qual é combinado com um supertweeter que vai até aos 45 kHz, um woofer de 22 cm e um subwoofer de 28 cm, numa caixa fechada. A transparência e naturalidade dos sons produzidos era verdadeiramente excepcional, a fazer lembrar as grandes colunas electrostáticas e magnetoestáticas / magnetodinâmicas.
Claro que por detrás delas tínhamos «apenas» o poderosíssimo amplificador de potência estéreo Gryphon Apex Stereo, ligado ao prévio Commander, igualmente da Gryphon. Na frente digital brilhava nada menos que o servidor de música Innuos Statement e no domínio analógico tínhamos a estreia do gira-discos Clearaudio Master Jubilee, equipado com uma cabeça de leitura óptica DS Audio, ligada ao prévio dedicada da mesma marca. Uma combinação de altíssimo gabarito que me deixou ouvir talvez os sons que mais me encheram as medidas nas mais de 3 horas que estive na Ultimate Audio, isto quase seguramente influenciado pela minha já quase lendária paixão pelo som das colunas de painel com que as Audionec tanto se identificam.
É evidente que não poderia perder a audição das novas Avantgarde Mezzo que estavam na sala principal mas que não tinha podido apreciar da primeira vez que lá fui porque lá estava a ser rodado mais um vídeo, espero que não daquelas que vão para o YouTube para quem os vê conseguir apreciar o som high-end de um equipamento com o áudio comprimido, no melhor dos casos, a 150 kb/s e, se calhar, ouvido num telemóvel! Mas vamos ao que interessa: as Mezzo soaram imponentes e altaneiras como soam as Avantgarde e tive a oportunidade de ouvir uma faixa que já não ouço há muito tempo, talvez porque foi demasiadas vezes utilizadas em shows por esse mundo: a Fanfarra Para o Homem Comum, de Aaron Copland, a qual tem algumas passagens com impactes dinâmicos quase brutais e foi interessante ver com a combinação das Mezzo com o amplificador Onkgaku mostrou à evidência que para estas colunas tocarem bem não é necessária grande potência, alguns Watt chegam, mas têm que ser o mais puros e bonitos possível. E provou-se logo de seguida que eram quando Joyce Anderson fez ouvir a sua maviosa voz no primeiro acto da ópera Adelson & Salvini, de Bellini, cantando Soto l’Oscuro Nembo. Uma grande extensão de voz, com uma beleza de timbre que encantava.
E terminei a visita em beleza, com a oportunidade privilegiada de visionar três trechos de filmes que são exemplos da melhor qualidade de imagem que se pode ver hoje em dia em 4K, numa projecção especial comandada pelo Rui Calado que insistiu que aproveitasse o momento pois já não ia regressar à Ultimate no dia seguinte. O projector Sony XW7000ES, de tecnologia SXRD, mostrou que conseguia apresentar uma imagem quase idêntica a um bom televisor OLED, só que num dimensão de ecrã com que a tecnologia de ecrãs de TV por enquanto apenas pode sonhar. A volumetria de cor, a reprodução de tons escuros, as paisagens mais amplas, tudo isso brilhava na sala a um nível que muitos julgariam ser quase impossível de atingir. Claro que uma imagen sem som não é nada e para nos brindar com as imponentes pistas sonoras dos filmes em casa tínhamos um conjunto da Marantz, processador AV10 e amplificador multicanal AMP10, ligado a um conjunto de colunas Perlisten S7T e dois subwoofers D212, da mesma marca. Notável, uma vez mais.
Apenas um exemplo da extraordinária qualidade de imagem do Sony WS7000ES
Valeu a pena a visita, como se deduz do que até aqui disse e acho que quem tiver ainda possibilidade este domingo, não deve perder a oportunidade de assistir a excelentes momentos de inspiração musical (e cinematográfica) antes de ou depois do exercício do direito de voto. Quem não for irá seguramente arrepender-se.