Faleceu um dos maiores maestros de sempre
Seiji Ozawa foi um dos grandes maestros do nosso tempo. Tendo sido premiado pelo prestigiado Concurso de Regência de Orquestra de Besançon em 1959, foi convidado para o Tanglewood Music Center em 1960 por Charles Münch, onde ganhou o Prémio Koussevitzky. Posteriormente, recebeu uma bolsa que lhe permitiu trabalhar com Herbert von Karajan e, em 1961, tornou-se assistente de Leonard Bernstein na Orquestra Filarmónica de Nova Iorque.
Depois de exercer as funções de Director Musical do Festival Ravinia de 1964 a 1969, foi Director Musical da Orquestra Sinfónica de Toronto de 1965 a 1969 e da Sinfónica de São Francisco de 1970 a 1976. Em 1973, passou a ser Director Musical da Orquestra Sinfónica de Boston - cargo que ocupou até 2002.
De 2003 a 2010, foi Director Musical da Wiener Staatsoper, sucedendo a eminentes antecessores históricos que ocuparam esta mesma posição, de Gustav Mahler a Herbert von Karajan e Claudio Abbado, entre muitos outros.
Durante a sua gestão na Orquestra Sinfónica de Boston, convidou Claudio Abbado e o GMJO em 1999 para um projecto de cooperação único com o Tanglewood Music Center: reunir as duas orquestras juvenis, dirigidas por Claudio Abbado e Seiji Ozawa.
Seiji Ozawa dirigiu as orquestras conjuntas do TMCO e do GMJO num concerto especial com as peças: The Miraculous Mandarin, de Bartok; e Don Quixote, de Strauss, com Yuri Bashmet, viola, e Yo-Yo Ma, violoncelo - inesquecível para todos os que participaram neste projecto .
No ano seguinte, 2000, liderou o GMJO na sua digressão de Páscoa pela Suíça, Áustria e Espanha, junto com Anne-Sophie Mutter e Christian Tetzlaff, violino. O reportório das actuações era composto pelo Concerto para Violino, de Beethoven, e Ein Heldenleben / A Vida de um Herói, de Strauss. Este projecto teve como forte referência Herbert von Karajan, o qual foi mentor e amigo de longa data de Seiji Ozawa. O concerto final do Osterfestspiele Salzburg – Festival de Páscoa de Salzburgo, teve lugar no dia do aniversário de Herbert von Karajan.
Seiji Ozawa foi um verdadeiro defensor e apoiante dos jovens músicos, e o seu legado seguramente continuará.
A colaboração da Filarmónica de Viena com Seiji Ozawa começou em 1966 no Festival de Salzburgo. Ao longo de cinco décadas foi abrangido um repertório incrivelmente amplo, que vai do Barroco aos mestres do Classicismo e Romantismo vienenses e até à era moderna, com concertos e estreias de compositores contemporâneos. Tem que ser dado um destaque especial ao Concerto de Ano Novo de 2002 no Golden Hall do Musikverein de Viena e, como sinal dos estreitos laços artísticos e pessoais criados, Foi-lhe atribuído o título de membro honorário da orquestra em 2010. No último concerto em que dirigiu a Sinfónica de Viena, durante a digressão da orquestra pelo Japão no outono de 2021, foi interpretado o movimento lento de Divertimento KV 136 de Mozart.
Obrigado, Seiji-san, por tudo aquilo que transmitiu a tantos músicos e audiências por esse mundo fora.
* Renaud Capuçon tocou violino solo, no violino de Arthur Grumiaux e depois foi acompanhado individualmente por Michel Schwalbé, o lendário concertino da Filarmónica de Berlim.