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A importância da ligação à terra

A importância da ligação à terra

Jorge Gonçalves

18 setembro 2023

Conceito Shunyata Altaira apresentado na Ajasom


Aproveitando uma visita de Grant Samuelsen, director de vendas e consultor para aplicações da Shunyata, a Ajasom organizou muito recentemente uma sessão de demonstração do conceito Altaira, uma maneira diferente de ligação dos chassis dos equipamentos de um sistema entre si e à terra.

Altaira

O conceito Altaira nasceu da investigação de Caelin Gabriel, fundador da Shunyata e que foi anteriormente investigador na área dos produtos para usos militares, em torno dos conceitos de ligação à massa e ligação à terra. Identificados em inglês for «grounding» e «earthing». É importante começar por distinguir estes dois tipos de ligação. A massa é uma designação que identifica a ligação de uma dos terminais de uma alimentação ou da entrada de sinal ao chassis do equipamento, enquanto a ligação à terra, como o nome diz, identifica a ligação de uma parte de um equipamento, normalmente a caixa, a um terminal de terra. Esse terminal de terra existe normalmente em quase todas as tomadas e vai ligar à chamada terra de segurança de uma instalação eléctrica, terra de segurança essa que é garantida no momento da construção de um prédio através da ligação entre si de um conjunto de varões de ferro inseridos dentro das fundações do mesmo. No caso de uma moradia a ligação à terra implementa-se normalmente por meio de alguns varões de cobre metidos na terra numa área de terreno que esteja normalmente húmida. Por seu lado, a empresa distribuidora de energia assegura que um dos terminais da instalação eléctrica, o chamado neutro, seja ligado à rede em diversos pontos ao longo da rede de alimentação do sector, assegurando assim aquilo a que se chama terra de serviço. Na maioria dos casos, a caixa ou o chassis de um equipamento eléctrico ou electrónico estão ligados à terra de segurança logo na entrada da alimentação, embora existam configurações de duplo isolamento em que a estrutura do equipamento não está mesmo ligada à terra porque temos algo como que duas caixas uma dentro da outra sem ligação eléctrica entre elas.

Conceito Altaira

Esquema das ligações ao chassis e à terra através do Altaira



Ao longo de 30 anos Caelin procedeu a diversas experiências no sentido de encontrar uma situação óptima que garantisse que quando os diversos equipamentos de um sistema estavam ligados entre si existisse uma diferença de potencial nula entre as caixas de cada um deles. E o resultado foi o conceito Altaira que elimina totalmente a possibilidade de existência de «loops» de massa entre os componentes do sistema e define uma ligação em estrela à terra de protecção ou terra de segurança. Isto porque a massa metálica relativamente ampla das caixas dos mesmos faz com que as interferências causadas por campos electromagnéticos, radiofrequência emitida por telemóveis, routers e quejandos e assim por diante, dêem origem a níveis de potenciais nessas mesmas caixas que serão seguramente diferentes de caso para caso.

Avalon PM1

Com uma volumetria muito elegante, as Avalon PM1 produziram graves impressionantes

E assim foram desenvolvidos os dois equipamentos Altaira, um que faz o escoamento para a terra dos potenciais criados nos equipamentos, sendo um desses equipamentos ou hub virado para a ligação aos conectores de entrada ou saída não utilizados e o outro para ligação ao terminal de massa, caso o fabricante o tenha providenciado, ou a um dos parafusos da caixa desse equipamento. A Shunyata tem fornecido um vasto conjunto de equipamentos de optimização da ligação à terra a vários estúdios famosos tais como o Skywalker e os Astoria, bem como granjeou já um forte reconhecimento junto dos utilizadores de equipamentos de electromedicina. Espero receber em breve um documento técnico de Caelin Gabriel onde se explicam em detalhe os aspectos tidos em conta para o desenvolvimento dos Altaira, muito em especial os microfiltros de que Grant muito falou mas em relação aos quais não tinha detalhes técnicos, até porque é um «homem do marketing e vendas».

Grant

Tivemos assim oportunidade de ouvir, depois da prelecção de Grant explicando quais as vantagens da ligação dos equipamentos a um ponto comum de terra, um belo sistema da Ajasom em duas situações diferentes: com as caixas dos equipamentos ligados a um Altaira ou com todos os equipamentos ligados de maneira convencional. O sistema era constituído por um par de colunas Avalon PM1, alimentadas pelo amplificador integrado Riviera Levante e tendo como fonte de sinal digital um Roon Nucleus ligado a um conversor Nagra CLASSIC DAC. Já no final, houve ainda oportunidade para termos um cheirinho de analógico através do gira-discos Nagra Reference Anniversary, com cabeça Murasakino Sumile e prévio de gira-discos Nagra CLASSIC PHONO. Estava presente um número seleccionado de audiófilos da nossa praça, incluindo o JVH.

Riviera Levante

Ouvimos diversas faixas de música, de estilos diferentes, mas uma daquelas onde os efeitos ligados a usar ou não o Altaira eram mais evidentes foi Madison, interpretada por Sloppy Jane onde a voz ganhou uma relevância e clareza que impressionaram os ouvintes. Foram igualmente evidentes diferenças entre uma situação e outra em termos de frescura, clareza e amplitude da imagem espacial. Aliás, este último aspecto, combinado com um nível de detalhe bem marcante, foi bem patente, por exemplo, na faixa Ma Belle Dame Souveraine, interpretada a duas vozes por John Potter e Ambrose Field. Nesta última faixa foi bem evidente o efeito «curativo» do Altaira, pois ela soou mesmo uma pouco insípida, com pouca vida e resolução. Ainda deu para ouvir o espantoso gira-discos da Nagra e foi a cereja no topo do bolo, pois o vinilo traz sempre aquele calor e proximidade que é raro existir no digital, mesmo em alta resolução.

Nagra Reference

Os efeitos do conceito Altaira foram sem dúvida percebidos, embora no que se refere aos aspectos técnicos eu me reserve neste momento enquanto não receber o documento que Grant me prometeu. E talvez daí venha a resultar um teste aos Altaira a publicar em breve, porque não?

Classic PHONO

O DAc e a unidade phono da linha CLASSIC, da Nagra, deram boa conta do recado