O som de alta qualidade em Gaia
Um bom conjunto de demonstrações de equipamentos de áudio é algo porque os audiófilos portugueses anseiam há alguns anos, talvez desde o Audioshow 2019. Embora num formato contido e limitado a um único distribuidor, o Porto Hi-Fi 2 concitou as atenções dos entusiastas do bom som do Porto e Gaia, pelo menos. A Ajasom, organizadora do evento, ocupou 3 salas do prestigioso hotel Yeatman, com a face voltada para Porto e o interior cheio de boa música.
Os três sistemas em causa variavam em composição e preço final mas tinham como elemento comum um grande equilíbrio e uma sonoridade cativante, e vou então começar por falar um pouco daquele que estava organizado em torno das colunas Vivid Audio K90, acolitadas por: préamplificador Makua e monoblocos Kaluga, ambos da Mola Mola; leitor CD/SACD Esoteric K1X; gira-discos Bergmann Galder com braço Odin e cabeça Lyra Etna Lambra SL.
A música debitada por este belo sistema caracterizava-se por uma ampla espacialidade e muito refinamento em torno da reprodução de detalhes. Apreciei de sobremaneira a belíssima apresentação de Maria João Pires a tocar o Nocturno n.º 1, de Chopin, plena de subtileza e graciosidade.
Destaco agora a sala central onde as colunas Blumenhofer Genuin FS3 Mk 2 combinavam muito bem com a electrónica da Thoress (prévio Full Function Pre e monoblocos SE300B) e os Lampizator na área digital – Gulfstream como servidor + Lampizator Baltic 3 como conversor D/A.
Apesar das colunas da Blumenhofer terem uma sensibilidade não muito elevada (92 dB/W/m), os monoblocos da Thoress demonstraram um à-vontade que surpreendia, e isto perante géneros tão variados como o duo Musica Nuda, com um jogo de perplexidades num diálogo em que duas vozes “dialogam"sem de compreenderem uma à outra porque uma fala em francês e outra em italiano, e os com Deep Purple, em Child in Time. Em termos acústicos a sala onde este sistema tocava pareceu-me a mais equilibrada e sem criação de ressonâncias evidentes.
Por último mas nunca menos interessante destaco agora o sistema formado pelo amplificador integrado Hegel 3H+90, colunas PMC Twenty5 26i, servidor Roon Nucleus+ com alimentação Ferrum e streamer Rose RS150. Em todos estes sistemas as cablagens centravam-se em produtos da Kimber, Shunyata e Furutech, como tratamento da sala por conta dos «sininhos» ASI-Resonator. Muito agradável a música da Renascença bem como soaram muito conviviais diversas faixas de jazz.
Esta foi uma excelente iniciativa da Ajasom e a que o numeroso público correspondeu de maneira entusiástica tentando recuperar a «fome» sentida durante os tempos de pandemia em termos de não ser possível reunir mais que um número muito reduzido de pessoas em espaços fechados. Que venham mais iniciativas destas bem em breve é o que se deseja.