Uma inebriante combinação de engenharia e musicalidade
Poucos leitores não conhecerão o nome da Monitor Audio, umas das mais reconhecidas marcas britânicas de alta-fidelidade, e que nos propõe hoje aqui umas monitoras Silver 100 7G que, como o nome indica, representam a sétima geração da gama Silver (que começou em 1999).
Ao abrir a caixa (correspondendo ao que já tinha sentido ao carregá-las), fiquei surpreendido pelo tamanho (32,2×23×37,5 cm) e pelo peso das Silver (quase 10 kg cada) – para o tamanho contribui certamente o woofer de 8 polegadas, relativamente incomum em colunas desta gama e que leva a reposta dos graves até uns muito impressionantes 35 Hz a -6db). Com uma impedância de 8 Ω (valor mínimo de 4,9 Ω), um woofer e um tweeter com o ponto de crossover por volta dos 2 kHz, sensibilidade de 87,5 db e amplificação recomendada entre 40 W e 120 W, as Silver são relativamente simples de amplificar, embora os números de sensibilidade recomendem um amplificador com alguma pujança (os cerca de 70 W do meu Rotel chegaram perfeitamente). A presença de pórtico traseiro recomenda a habitual cautela com a distância à parede - embora sigam com as colunas as habituais esponjas para colocar no pórtico caso seja necessário (nunca foi, diga-se). É ainda possível usar bi-amping ou bi-wiring caso se dedique a essas práticas de utilidade duvidosa.
O look poderá dividir opiniões, mas pessoalmente achei as Silver muito bonitas na versão branca que recebi, algo futuristas e modernas (existe também uma versão limitada em verde que, pelo menos online, parece ainda mais bonita) - é ainda possível colocar as grelhas, mas preferi claramente utilizá-las sem as mesmas. De referir também que o tweeter se encontra protegido, o que é bastante útil para quem tenha crianças pequenas ou animais de estimação lá por casa, dada a fragilidade destes pequenos altifalantes. Independentemente de se gostar ou não do seu aspecto, a qualidade do acabamento é inquestionável e dá às Silver um “ar” muito mais caro do que realmente custam (poderá até ser conveniente guardar a factura, para garantir ausência de disputas domésticas).
Comecei as escutas com o meu sistema habitual (streamer MXN10 da Cambridge Audio e um Rotel integrado, desta vez combinados com os cabos de altifalante da In-Akustik, gentilmente cedidos pela Delaudio, e com quatro discos de trio de piano jazz, todos bem gravados e escutados em alta-resolução - Yes! Trio: Spring Sings (Aaron Goldberg, Omer Avital e Ali Jackson, acabadinho de sair); Familia (Yago Vaszquez, Pablo Menares e Rodrigo Recabarren, também acabado de sair); Streaming (Yago Vazquez, Scott Lee e Jeff Hirshfield, 2020); e, por fim, Leela (Thomas Ruckert, Thomas Morgan e Fabian Arends, 2021). As minhas impressões foram muito positivas, com uma pequena excepção - ocasionalmente senti algum excesso de brilho, que não sendo propriamente problemático era ainda assim evidente e até ocasionalmente agressivo. Surpreendido, até porque as minhas habituais B&W 606 são elas próprias bastante brilhantes e isso nunca me incomodou particularmente, passei rapidamente pelo clássico The Blues and the Abstract Truth, de Oliver Nelson - disco recheado de metais, e que confirmou as minhas suspeitas de alguma dureza nos agudos… Ainda mais intrigado, fui investigar para a Internet e descobri a fonte (e a solução) do problema. A Monitor Audio produz os seus altifalantes (mesmo o tweeter) com cones / cúpulas em metal, sendo inclusive pioneiros nesta tecnologia e este material é substancialmente mais rígido que outros e torna-se necessário algum break in - caso não conheça o termo, é, em termos simplísticos, o equivalente à rodagem num carro.