DENON PMA-1700NE

Leonel Garcia Marques

17 outubro 2022

Um clássico de agrado imediato

b]Audições[/b]
Liguei o PMA-1700NE às colunas B&W 705 S2, ao Holo Audio Cyan DSD DAC através da ligação balanceada XLR, ao leitor da Atoll SACD200 e ao streamer ARIES Mini, neste caso através da ligação USB. Devo dizer que também experimentei ligar directamente o Atoll ao PMA-1700NE através de uma ligação Toslink, e fiz algumas audições usando o servidor doméstico WDMyCloudEX4000, mas o meu foco habitual, nestes casos, reside sempre na amplificação e, além disso, eu sou um grande defensor dos DACs dedicados, salvo honrosas excepções. Por isso, vou referir o teste sobretudo à componente de amplificação com ligação às B&W e ao Cyan DSD DAC.
A minha impressão geral foi a de transparência e boa definição dos timbres, bom dinamismo e nível adequado de detalhe, talvez com necessidade de um tudo-nada mais de expressividade nos baixos em alguns tipos de música, mas passemos ao pormenor.

Playlist
Ensemble Klingekunst – Wagenseil Trio Sonatas – CD CPO
Early Opera Company (C. Curnyn, dir) – Handel Amadigi – 2 SACDs Chandos
Ella Fitzgerald – Lullabies of Birdland – 2 CDs Essential Jazz Classics
Julian Lage – View with a Room – CD Blue Note
Boden, Lakeman, Nicholls, Portman & Rutter – Sea Songs Sessions – CD Topirecords
Buick 6 – Buick 6 (Lucinda Williams Band) – CD Gravel Road Records

Começando pela música clássica: o Ensemble Klingekunst é um quarteto de música barroca, aqui a interpretar música barroca já de transição, a música de Georg Christoph Wagenseil. Uma música subtilíssima feita de harmonia e delicadeza, apesar dos timbres muitas vezes surgirem contrastantes. Um bom desempenho do PMA-1700NE, capitalizando a sua vocação para transparência e definição dos timbres. Passamos depois para uma óptima gravação em SACD de uma das grandes óperas de Handel pelos excelentes Early Opera Company e uma gama de solistas de pasmar. Amadigi de Gaula, a chamada ópera mágica de Handel, composta para uma pequena orquestra com aproximadamente a mesma instrumentação do Water Music, portanto cheia de oboés, fagotes, trompetes e cordas. O desempenho do PMA-1700NE foi fluído e preciso no timbre das vozes e dos metais, com um palco sonoro preciso mas que talvez pudesse ser mais amplo.

No jazz, temos a Ella Fizgerald na sua fase vanguardista para a época, ou seja, na sua fase be-bop no auge da sua interpretação, do seu improviso e do seu scat. A gravação é antiga, mas o PMA1700NE reflectiu muito bem o entusiasmo e excitação que pareciam pairar no ambiente e a mestria absoluta de Ella, no domínio do tempo e do timbre. Julian Lage é um dos novos guitarristas Jazz, aqui às vezes acompanhado por um dos mestres, Bill Frisell. Os solos de Lage são sempre melodiosos e objectivos com os de Frisell a aproximarem-se um tudo-nada do Rock, e os dois, em conjunto a saberem entrelaçar fragmentos de canções e ritmos complexos. O desempenho do PMA-1700NE foi muito competente, preciso no ataque das notas e permitindo a diferenciação correcta das guitarras.
No rock/folk começamos pela gravação de antigas canções de marinheiros, interpretadas soberbamente por Joden Boden (dos Bellowhead) e outros cantores de semelhante orientação tradicional. Excelentes melodias, ambiente, às vezes solitário e intimista, às vezes convidando à dança, mas conseguindo sempre a atenção plena do auditor. O desempenho do PMA-1700DE foi muito bom, delicado e detalhado q.b. mas sempre preservando o principal – as melodias e as vozes. Curiosamente, foi a única gravação em que o amplificador me pareceu afastar-se algo da neutralidade em direcção a ambientes um tudo nada mais sombrios mas, neste caso, no bom sentido, o que resultou optimamente. Finalmente, os Buick 6, o “transporte” de Lucinda Williams rodando sozinho. Quer dizer, a banda de suporte de Lucinda aproveitou tempo de estúdio e gravou um álbum quase só instrumental de enorme qualidade. A chamada Americana no seu melhor (tendência em que brilham entre outros, além de Lucinda William, Neil Young, Cowboy Junkies e Lee Harvey Osmond). O PMA-1700NE apesar de não apresentar uns baixos propriamente tonitruantes, foi perfeitamente capaz de captar a electricidade dorida e quase cínica da música, com uma excelente captação dos timbres das guitarras e um palco sonoro perfeitamente capaz, nesse caso, de dar muito boa conta do recado.

Conclusão

Nesta gama de preços é talvez a zona em que a relação qualidade / preço atinge o seu zénite e, por isso, não espanta a enorme diversidade de propostas e a competição que existe. E talvez alguns leitores prefiram uma opção de amplificação que já inclua um streamer (o que não seria o meu caso, já que dispensaria até o DAC). Mas a Denon continua a saber fazer equipamentos de excelente qualidade e robustez. Por isso, apesar da competição, o PMA-1700NE continua a representar a marca com distinção. E a Denon, por sua vez, continua a merecer os seus pergaminhos. E quanto à competição, a Denon pode sempre perguntar: quantas marcas é que já gravaram a voz de um Deus-vivo?

Amplificador integrado Denon PMA-1700NE
Preço: 1.998,99 €
Contacto: Smartaudio