Esoteric Grandioso F1

23 março 2022

Um som de luxo

Desde há algumas dezenas de anos que quase todos os audiófilos conhecem a Esoteric pelos seus equipamentos digitais, nomeadamente os leitores de CDs equipados com o sofisticado sistema de transporte VRDS. Mas, de há alguns anos a esta parte a marca japonesa resolveu enveredar por outra área da electrónica e lançou diversos componentes de amplificação que foram muito bem aceites pela comunidade audiófila, já que faziam jus ao nome Grandioso com que a marca baptizou a linha topo de gama.
E é exactamente sobre um dos Grandioso, o amplificador integrado F1 que vou falar hoje, depois de ter passado por minha casa por algumas semanas. E digo desde já que a estadia foi auspiciosa, já que o F1 combinou de maneira deliciosa com as minhas QUAD ESL63 Pro, substituindo o conjunto de amplificação residente formado pelo prévio e amplificador de potência Constellation Inspiration 1.0. A fonte digital era o Roon Nucleus Plus com o Pro-Ject Pre Box RS2 Digital como descodificador D/A e renderer de MQA (descodificação completa) e, no domínio analógico, o gira-discos Basis com braço SME V Gold e cabeça Air Tight PC1 Supreme. Os cabos de interconexão e coluna eram predominantemente da gama Select, da Kimber. Na alimentação de sector pontuava a régua Vibex Granada Platinum à qual ligavam todos os equipamentos electrónicos em uso, com o F1 a ser alimentado através do cabo Tiglon TPL-2000A. Mas antes de falar nas audições vou avançar alguns tópicos mais técnicos sobre o amplificador integrado da Esoteric.

Descrição técnica

O F1 é um amplificador integrado que debita 30 W por canal sobre 8 Ω e 60 W por canal sobre 4 Ω e está equipado, em termos de entradas de linha, com duas entradas por fichas XLR e 3 por RCA, bem como com um entrada phono para cabeças MM e MC. A caixa externa tem um aspecto imponente, condizente com o nome da gama, com o painel frontal dominado por um mostrador orgânico ladeado por dois imponentes botões e no qual se podem programar os nomes das entradas. A apologia interna assenta num funcionamento totalmente balanceado e numa estrutura duplo mono com uma separação total entre os circuitos dos dois canais. Para além das entradas mencionadas, o F1 implementa a tecnologia de transmissão de sinal analógico ES-LINK Analog, designada por ESL-A e desenvolvida pela Esoteric e que possibilita ma passagem optimizada de sinais analógicos de áudio entre dois componentes, embora só possa ser utilizada com equipamentos compatíveis, na sua grande maioria da mesma marca.

Todos os circuitos de controlo e comutação de sinais estão electricamente isolados do percurso do sinal para minimizar a transferência de qualquer tipo de ruído. Por seu lado, o controlo de volume é igualmente balanceado, ou seja, possui quatro malhas de resistências de precisão que são comutadas sequencialmente em função da posição do botão de volume. Um dos aspectos interessantes do circuito de préamplificação é o facto de estar equipado com controlos de tonalidade para graves, médios e agudos, algo que não é muito usual hoje em dia em amplificadores integrados. Os níveis máximos de correcção são de ±12 dB, em passos de 0,5 dB. Por outro lado, é igualmente possível ajustar a sensibilidade/ganho de entrada em ±18 dB, novamente em passos de 0,5 dB.

A configuração dos andares de potência recorre a um circuito em classe A do tipo push-pull paralelo, recentemente desenvolvido e que utiliza na saída transístores MOSFET de carboneto de silício, resultado de uma parceria entre a Esoteric e a New Japan Radio Co. e que ocuparam dois anos de pesquisa e desenvolvimento. Estes transístores, com a referência MODEL 200, caracterizam-se por uma capacidade de entrada extremamente reduzida e baixa resistência interna e suportam uma corrente máxima de 78 A, em regime constante, e 150 A de pico.

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